A Compra da Ingresso Nacional pela Ingresse, uma das maiores plataformas de vendas de ingressos online no Brasil, representa um marco importante no setor de eventos. Essa aquisição estratégica visa aumentar a receita da Ingresse em 10% e fortalecer sua presença no mercado do Sul do país. A transação, cujo valor não foi divulgado, marca a oitava aquisição da Ingresse desde sua fundação, consolidando sua estratégia de expansão via fusões e aquisições (M&A) em um mercado ainda bastante pulverizado.
A aquisição foi concretizada por meio de uma combinação de pagamento em dinheiro e ações da Ingresse. Os três fundadores da Ingresso Nacional, Robson Ravache, Ricardo Valleta e Vagner Carvalho, permanecerão na operação, atuando como executivos, garantindo a continuidade e expertise na gestão da empresa adquirida.
Fundada em 2009, a Ingresso Nacional se destaca como uma das líderes de mercado na região Sul, competindo com empresas como BlueTicket e Uhu. Em 2021, a Ingresso Nacional registrou um GMV (Gross Merchandise Volume) de aproximadamente R$ 200 milhões, enquanto a Ingresse atingiu R$ 2 bilhões no mesmo período. Para o ano corrente, a Ingresse projeta um GMV de R$ 2,5 bilhões, sem considerar o impacto da recente aquisição.
Gabriel Benarrós, fundador da Ingresse, comentou sobre a importância estratégica da região Sul para os negócios da empresa. Ele destacou que o Sul é um mercado consolidado, com um forte cenário de entretenimento, especialmente em Florianópolis. No entanto, Benarrós ressaltou que é um mercado mais regionalizado, onde as produtoras tendem a priorizar parcerias com players locais, dificultando a entrada de empresas de outras regiões.
Assim como a Ingresse, a Ingresso Nacional atua principalmente na venda de ingressos para eventos de música, como shows e baladas, mas também diversifica sua atuação em outros segmentos. Recentemente, a Ingresso Nacional foi a responsável pela venda de ingressos da Expointer, uma das maiores feiras de agronegócio do país, realizada no Rio Grande do Sul, além de realizar frequentemente as vendas para a Copa Davis, o torneio de tênis entre países.
Em relação à rentabilidade, Benarrós mencionou que a Ingresso Nacional opera com uma margem mais alta, porém apresenta um crescimento mais lento. Segundo o fundador, isso ocorre porque a empresa investe menos em crescimento, o que resulta em uma menor queima de margem. A expectativa é que a aquisição contribua para aumentar a margem da Ingresse.
Nos últimos anos, a Ingresse tem financiado suas aquisições principalmente com a geração de caixa de seus negócios. A última captação da startup foi realizada em 2019, quando levantou R$ 90 milhões em uma rodada liderada pelo Endurance, o family office dos herdeiros do banqueiro Pedro Conde. Benarrós revelou que a startup já iniciou conversas com fundos para uma nova captação de recursos.
Os recursos obtidos na próxima rodada poderão impulsionar a estratégia de M&A da companhia, que atualmente possui um pipeline de potenciais aquisições que somam um GMV de mais de R$ 7 bilhões, valor que representa mais de três vezes o tamanho da empresa. Além disso, uma nova captação também poderia financiar um movimento ainda maior para a empresa, como uma fusão com outra empresa de venda de ingressos de porte semelhante.
De acordo com Benarrós, a Ingresse se posiciona como líder de mercado no Brasil, juntamente com a TicketMaster, que possui um GMV similar, mas opera de forma verticalizada, com sua própria produtora. Outros players relevantes no mercado são a Sympla, controlada pela Movile, e a Eventim, que concentra sua atuação em um único cliente, a 30e, responsável pela organização de shows como os do System of a Down e Natiruts.
Embora não haja uma medição oficial do market share do setor, Benarrós estima que os dois maiores players, Ingresse e TicketMaster, detêm menos de 20% do mercado total de vendas online. Ele ressaltou que o mercado ainda é bastante pulverizado.
Via Brazil Journal