A Corrupção na Argentina ganha destaque com a formalização de uma denúncia contra o ex-presidente Alberto Fernández. As acusações, que envolvem negociações incompatíveis com a função pública durante seu mandato, vieram à tona através da revista Crusoé. O caso aponta para um possível favorecimento econômico de aliados em detrimento do Estado, com contratos públicos sob suspeita. E-mails, documentos e depoimentos sustentam a denúncia.
Um decreto de 2021 é central no caso, pois obrigava órgãos estatais a contratar seguros exclusivamente com a Nación Seguros S.A., liderada por Alberto Pagliano, amigo de Fernández. Corretores, como Héctor Martínez Sosa, marido da secretária do ex-presidente, teriam se beneficiado de forma desproporcional. Sosa teria recebido cerca de 2,25 bilhões de pesos, representando 60% das comissões da seguradora no período.
O juiz federal Sebastián Casanello, ao investigar a corrupção na Argentina, envolveu mais 33 pessoas e bloqueou bens de Fernández no valor de US$ 11 milhões. O esquema é considerado um “cartel” no setor de seguros, com suspeitas de lavagem de dinheiro e movimentações financeiras através de cooperativas e fideicomissos ligados ao ex-presidente.
Fernández se defende, alegando ser vítima de perseguição política. Em nota, ele afirma que a ação judicial não tem fundamento e que sempre atuou com transparência. Vale lembrar que essa não é a primeira acusação contra o ex-presidente. Em abril de 2025, ele foi acusado de violência de gênero contra sua ex-esposa, Fabiola Yañez, em processo confirmado por um tribunal de segunda instância.
A relação entre Fernández e Lula torna o caso delicado, já que ambos são entusiastas de projetos como a UNASUL e o Mercosul. O governo brasileiro busca minimizar o impacto diplomático, enquanto analistas veem o episódio como um golpe na “nova onda progressista” latino-americana, em um momento em que outras lideranças, como Cristina Kirchner, também enfrentam acusações.
A cientista política Mariana Cabral, da Universidade de Buenos Aires, avalia que essa denúncia questiona a credibilidade de quem defende a cooperação regional. Ao mesmo tempo, ela fortalece setores críticos aos governos de esquerda na América do Sul, reacendendo o debate sobre a corrupção na Argentina e seus impactos políticos.
Via O Antagonista