O IPCA-15 avançou 0,48% em setembro, revertendo a queda de 0,14% observada em agosto. Este resultado eleva o acumulado do ano para 3,76%, superando o centro da meta de inflação do Banco Central, que é de 3%.
Cinco dos nove grupos analisados apresentaram alta em setembro, com destaque para a energia elétrica, que teve aumento de 12,17% devido ao fim do bônus de Itaipu. O setor de serviços, que havia gerado queda no IPCA-15 em agosto, agora exerce um papel diferente, influenciando o índice para cima.
Os analistas notam que, apesar da alta, a prévia da inflação ficou abaixo das expectativas do mercado. Enquanto a energia e combustíveis pressionam os preços, o grupo alimentação e bebidas apresentou deflação, trazendo um alívio ao índice da inflação.
O IPCA-15 avança 0,48% em setembro, revertendo a queda de 0,14% observada em agosto, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Esse resultado impulsionou o acumulado do ano para 3,76% e, em 12 meses, para 5,32%. Apesar do acumulado de 2025 estar dentro do teto da meta, ambos os índices superam o centro da meta de inflação do Banco Central, que é de 3%.
O IBGE detalhou que, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco apresentaram alta em setembro, com avanços registrados em todas as 11 regiões analisadas. Em agosto, a energia elétrica impulsionou a queda do IPCA-15, marcando a primeira retração em dois anos. Desta vez, o setor de serviços assume o papel principal, porém, por razões inversas.
A energia elétrica, que em agosto teve sua queda influenciada pelo bônus de Itaipu, agora sofreu um aumento de 12,17% no IPCA-15 de setembro, devido ao fim da devolução do bônus e à entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 2. Esse único item adicionou 0,47 ponto percentual ao índice do mês, evidenciando o impacto da política tarifária sobre a inflação.
O desempenho do grupo de alimentação e bebidas atenuou o resultado, registrando deflação de -0,35%. Essa queda, segundo o IBGE, reflete a melhoria na oferta de alimentos in natura, como tomate (-17,49%) e cebola (-8,65%), além da redução em produtos básicos como arroz (-2,91%) e café moído (-1,81%). Por outro lado, o custo de comer fora de casa aumentou, com alta de 0,36%, indicando pressão nos serviços.
Regionalmente, todas as áreas pesquisadas apresentaram alta em setembro, impulsionadas por particularidades locais. Recife liderou com 0,80%, pressionada pela energia elétrica (10,69%) e pela gasolina (4,78%), enquanto Goiânia registrou a menor variação (0,10%), influenciada pela queda acentuada do tomate (-24,39%) e da gasolina (-2,78%).
O cenário de setembro revela que a inflação permanece pressionada por choques de preços administrados, enquanto a oferta agrícola e os serviços atuam como fatores de contenção. Para a política monetária, esse dado reforça o desafio do Banco Central em ajustar os cortes de juros, monitorando os riscos do setor de energia e combustíveis.
Analistas apontam que a prévia da inflação brasileira ficou ligeiramente abaixo das expectativas do mercado, que giravam em torno de 0,51% a 0,52%. No entanto, a composição do IPCA-15 revelou um equilíbrio entre o alívio nos serviços e a pressão nos custos de energia. A média dos núcleos da inflação, em torno de 0,19%, ficou abaixo do esperado, sinalizando um controle inflacionário mais consistente.
Gustavo Rostelato, da Armor Capital, destaca a descompressão nos serviços, enquanto Alexandre Maluf, da XP, acredita que o Banco Central não deve revisar a Selic para baixo na próxima reunião do Copom. Lucas Barbosa, da Quest Investimentos, prevê que um possível corte na Selic pode ocorrer em janeiro de 2026, considerando a melhora na composição da inflação e a desaceleração da atividade econômica.
Via Forbes Brasil