IPCA: Alimentos Diminuem em Junho, Mas Inflação Aumenta

Os alimentos apresentaram queda em junho, mas a inflação continua superando as metas estabelecidas. Confira os detalhes.
10/07/2025 às 14:22 | Atualizado há 11 horas
Inflação acima da meta
Alta nas contas de luz e transportes impulsionam o IPCA deste mês. (Imagem/Reprodução: Forbes)

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho revelou um alívio nos preços de alimentos e bebidas, embora a inflação acima da meta persista. Divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice apontou um recuo nesse setor, compensando o aumento na energia elétrica. No entanto, a alta de 0,24% no período demonstra que a inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 5,35%, superando a meta de 3% estabelecida pelo Banco Central (BC).

O Brasil adotou a meta contínua de inflação, exigindo que o BC justifique ao governo qualquer descumprimento por seis meses consecutivos. Uma carta aberta ao Conselho Monetário Nacional detalhará as razões, as medidas corretivas e o prazo estimado para seus efeitos. Os resultados do IPCA de junho ficaram acima das expectativas da pesquisa da Reuters, que projetava altas de 0,20% no mês e 5,32% em 12 meses, evidenciando um cenário de inflação acima da meta desafiador.

Após preocupações no início do ano, os preços de Alimentação e Bebidas recuaram 0,18%, marcando a primeira queda em nove meses. A alimentação no domicílio caiu 0,43%, com destaque para a redução nos preços de ovo de galinha (6,58%), arroz (3,23%) e frutas (2,22%). Por outro lado, a alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46%, indicando uma dinâmica mista no comportamento dos preços.

Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, a queda na alimentação reflete uma maior safra e oferta de produtos relevantes. Contudo, esse alívio pode ser comprometido pela taxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras, afetando produtos alimentícios como café e suco de laranja. Essa medida pode aumentar a oferta interna, embora novos mercados possam se abrir para esses produtos.

Em junho, os custos da energia elétrica residencial dispararam 2,96% devido à bandeira tarifária vermelha patamar 1, adicionando R$ 4,46 a cada 100 kW/h consumidos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter essa bandeira em julho. Gonçalves ressaltou que a alta de 6,93% no primeiro semestre do ano elevou os custos de energia elétrica, sendo a maior variação desde 2018.

O grupo Habitação avançou 0,99% nos preços, desacelerando em relação à taxa de 1,19% de maio. Os Transportes registraram alta de 0,27%, após recuo de 0,37% em maio, influenciados pela queda de 0,42% dos combustíveis e pelas elevações de 13,77% no transporte por aplicativo e de 1,03% no conserto de automóvel. A passagem aérea também subiu 0,80% em junho, após queda de 11,31% no mês anterior. A inflação acima da meta é um desafio constante para a economia brasileira.

A inflação de serviços permanece como um ponto de atenção, refletindo a resiliência do mercado de trabalho e a renda elevada. Em junho, a alta dos preços de serviços atingiu 0,40%, acima dos 0,18% de maio, impulsionada pela passagem aérea, transporte por aplicativo e alimentação fora do domicílio. O índice de difusão, que indica o espalhamento das variações de preços, caiu para 54%, o menor nível desde julho de 2024.

O Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic para 15% ao ano, prevendo sua manutenção por um período prolongado. A próxima reunião da autarquia está marcada para o final de julho. Para André Valério, economista sênior do Inter, o início do ciclo de cortes dos juros dependerá de novas leituras que indiquem uma acomodação da inflação, bem como sinais de que a atividade e o mercado de trabalho estão sentindo os efeitos dos juros.

A expectativa é que esses sinais se tornem mais evidentes ao longo do terceiro e quarto trimestre, criando condições para o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciar o ciclo de cortes na reunião de dezembro. A persistente inflação acima da meta exige atenção contínua e medidas eficazes para garantir a estabilidade econômica.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.