Como o isolamento durante a pandemia mudou o bico dos passarinhos urbanos

Estudo revela que o lockdown da pandemia alterou a forma do bico dos juncos em áreas urbanas.
24/12/2025 às 15:12 | Atualizado há 3 horas
               
A ausência humana modificou a dieta dos pardais, favorecendo bicos mais curtos. (Imagem/Reprodução: Super)

Durante a pandemia de COVID-19, a redução da atividade humana fez os passarinhos urbanos mudarem sua alimentação. Um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles analisou os juncos-de-olhos-escuros no campus e notou que o lockdown resultou em bicos mais longos nos filhotes.

Com menos restos de alimentos deixados por pessoas, os passarinhos passaram a buscar sementes e insetos, favorecendo bicos maiores e mais adaptados a essa dieta. Isso mostra uma rápida adaptação genética ligada às mudanças no ambiente causadas pelo isolamento social.

Após o fim do lockdown, com o retorno da movimentação humana, a forma dos bicos voltou ao padrão anterior. Essa descoberta evidencia como a presença humana influencia a evolução de espécies que vivem em áreas urbanas, mesmo que temporariamente.

Durante a pandemia de COVID-19, a redução da atividade humana deixou uma marca inesperada na natureza. Um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles observou mudanças no bico dos juncos-de-olhos-escuros (Junco hyemalis), pássaros urbanos que habitam o campus da universidade. O isolamento social reduziu drasticamente o movimento no local, alterando a alimentação desses passarinhos.

Esses juncos costumam se alimentar das sobras deixadas por estudantes, como migalhas de pão e cookies, favorecendo aves com bicos curtos e atarracados, mais eficientes para esse tipo de alimento. Porém, durante o lockdown, o acesso a restos humanos diminuiu, e os filhotes nascidos nesse período apresentaram bicadas mais longas, parecidas com as de juncos selvagens que consomem sementes e insetos.

A alteração no formato do bico tem relação direta com a mudança na dieta. Com menos sobras, os juncos de bicos maiores encontraram vantagem para explorar alimentos naturais disponíveis. A genética favoreceu rapidamente esse traço, evidenciando adaptação em curto prazo.

Com o fim do isolamento e a volta do fluxo normal de pessoas, as ninhadas recentes retornaram ao padrão original de bicos mais curtos. Essa variação demonstra como a presença humana influencia diretamente a evolução e o comportamento de espécies urbanas, ainda que de forma temporária.

Os pesquisadores afirmam que ainda não está claro quais aspectos específicos da alimentação urbana contribuem para a mudança no bico. O estudo é um exemplo de como ecossistemas urbanos podem revelar variações evolutivas rápidas, ligadas ao contato com o ser humano e suas atividades.

Via Super

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.