Itaú projeta corte da Selic apenas em 2026, mas destaca gatilhos

Itaú prevê corte na Selic apenas em 2026, mas aponta dois fatores que podem antecipar essa decisão.
14/07/2025 às 16:42 | Atualizado há 1 semana
Cortes de juros
Itaú prevê cortes de juros em 2026, com Selic a 12,75% no final do ano. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

O Itaú projeta que o Banco Central (BC) dará início ao ciclo de Cortes de juros no primeiro trimestre de 2026, estimando que a Selic recue para 12,75% ao final daquele ano. Mario Mesquita, economista-chefe, e sua equipe, baseiam essa análise no cenário macroeconômico atual e nas indicações do Comitê de Política Monetária (Copom), que sugerem uma taxa elevada por um período extenso.

A decisão do Copom de elevar os juros em 0,25 ponto percentual, atingindo 15% ao ano na última reunião, pode ter sinalizado o término do ciclo de aperto monetário. Apesar das projeções de inflação ainda superarem a meta estabelecida, o banco avalia que a probabilidade de novas elevações é baixa, considerando as incertezas globais e os efeitos defasados das medidas de política monetária já implementadas.

Essa visão alinha-se com as sinalizações do Copom, que já havia indicado a manutenção da taxa Selic no patamar atual, caso o cenário evoluísse conforme o esperado. O Relatório de Política Monetária de junho reforça essa percepção, projetando inflação acima da meta até o quarto trimestre de 2027.

O Itaú argumenta que essas estimativas foram elaboradas sem uma revisão na hipótese de hiato do produto, o que consideram inconsistente com o ritmo de desaceleração da economia. Essa divergência pode levar o BC a revisar suas projeções para cima, reforçando a expectativa de juros estáveis por um período considerável.

Entretanto, o Itaú aponta dois fatores que poderiam antecipar o início da flexibilização monetária. Uma valorização significativa da moeda ou uma desaceleração abrupta da economia, possivelmente influenciada pelo impacto reduzido do novo programa de crédito consignado privado, poderiam levar a cortes de juros ainda este ano.

Além das projeções para a Selic, o Itaú também ajustou sua previsão para a inflação brasileira em 2025, reduzindo-a de 5,3% para 5,2%. Essa mudança reflete a queda nos preços de alimentos e a diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, compensadas por ajustes em energia elétrica e loterias.

Para 2026, a projeção foi mantida em 4,4%. O banco ressalta que o balanço de riscos, ao contrário de 2025, permanece assimétrico para cima, com destaque para a pressão do mercado de trabalho como principal fator de alta para o IPCA no próximo ano.

As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) foram mantidas em 2,2% para 2025 e 1,5% para 2026. Para este ano, o balanço de riscos passou de neutro para baixista, refletindo o desempenho mais fraco da atividade econômica no segundo trimestre de 2025 e o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos no crescimento futuro.

Em 2026, o Itaú manteve um viés altista na projeção, com estimativas para a taxa de desemprego permanecendo em 6,4% para 2025 e 6,9% para 2026. O banco também manteve sua projeção para a taxa de câmbio em R$ 5,65 em 2025 e 2026, mesmo diante de sinais de enfraquecimento global do dólar.

A combinação de uma política fiscal expansionista e a postura protecionista dos EUA tem diminuído a diferença de crescimento entre a economia norte-americana e o restante do mundo, favorecendo moedas de países emergentes, como o real. A diminuição das tensões geopolíticas também contribuiu para uma valorização recente dos ativos brasileiros.

Apesar desse cenário externo favorável, a imposição de tarifas de 50% sobre as exportações do Brasil para os EUA limitou a tendência de valorização da moeda brasileira. Essa medida gerou novas incertezas sobre o desempenho das exportações nacionais, pressionando o câmbio e limitando a recente melhora.

Essas projeções do Itaú refletem uma análise detalhada do cenário econômico, considerando diversos fatores que podem influenciar a trajetória da Selic, da inflação, do PIB e do câmbio. Acompanhar esses indicadores é essencial para entender as perspectivas para a economia brasileira e tomar decisões financeiras mais informadas.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.