Jeff Bezos, fundador da Amazon, comentou que estamos vivendo uma “bolha industrial” com a Inteligência Artificial. Ele acredita que, apesar dos altos investimentos, essa bolha trará benefícios reais para a tecnologia e a sociedade. A expectativa é que a AI permita avanços significativos, mas analistas estão cautelosos quanto à viabilidade desses investimentos massivos.
Atualmente, as grandes empresas de tecnologia estão aumentando seus investimentos em infraestrutura de AI, com cifras que devem ultrapassar US$ 400 bilhões este ano. Os analistas destacam a necessidade de avaliar como esses investimentos se traduzirão em lucros. A questão central reside em como as empresas conseguirão rentabilizar seus gastos em capex, que têm crescido exponencialmente.
Por fim, a demanda por capacidade computacional e o consumo de energia dos data centers são preocupações crescentes. Com os investimentos em AI projetados para aumentar, a dúvida persiste: será que as receitas geradas pela inteligência artificial justificarão esses altos gastos? O cenário é de otimismo cauteloso, com especialistas envolvidos monitorando a evolução da tecnologia e suas implicações no mercado.
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O fundador da Amazon, Jeff Bezos, declarou em um evento na Itália que estamos vivenciando uma “bolha industrial”. Contrário às bolhas financeiras, essa trará avanços tecnológicos e benefícios reais para empresas e pessoas. Segundo Bezos, embora os preços das ações pareçam desconectados dos fundamentos e startups recebam investimentos massivos, essa AI é bolha do bem, impulsionando a inovação e progresso.
Bezos enfatizou que os benefícios da Inteligência Artificial para a sociedade serão gigantescos. No entanto, analistas e gestores estão questionando se os investimentos massivos em capex pelas Big Techs se traduzirão em lucros que justifiquem suas avaliações atuais. Até recentemente, as maiores empresas de tecnologia dos EUA alocavam entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões por ano em capex, incluindo Amazon, Microsoft, Google, Meta e Oracle.
Este ano, o total investido deverá ultrapassar US$ 400 bilhões. Jensen Huang, CEO da Nvidia, estimou que, até 2030, os investimentos anuais em capex poderão superar US$ 3 trilhões. Huang calcula que, se a Inteligência Artificial adicionar US$ 10 trilhões ao PIB global, será necessário investir US$ 5 trilhões ao ano em capacidade computacional.
João Julião, gestor da Genoa Capital, comentou que o mercado não leva esses números ao pé da letra. O consenso é que os investimentos dobrem nos próximos anos, chegando a cerca de US$ 1 trilhão ao ano. A questão central é como rentabilizar esses investimentos, mesmo que sejam mais modestos do que o previsto por Huang.
Michael Cembalest, da JP Morgan Asset Management, resumiu a euforia do mercado com a corrida da Inteligência Artificial. Ele citou o exemplo das ações da Oracle, que subiram 25% após promessa de contrato de US$ 60 bilhões por ano da OpenAI. Este valor a OpenAI ainda não fatura, para fornecer instalações de computação em nuvem que a Oracle ainda não construiu.
Ainda segundo Cembalest, a estrutura exigirá 4,5 GW de energia, o equivalente a 2,3 represas Hoover ou quatro usinas nucleares. Além disso, a Oracle aumentou seus empréstimos, cuja relação dívida/patrimônio líquido já é de 500%. Em outras palavras, o ciclo de capital da tecnologia pode estar prestes a mudar.
Dan O’Laughlin, da newsletter Fabricated Knowledge, observou que o boom da infraestrutura de Inteligência Artificial tem sido dominado pelos investimentos de alguns hyperscalers, como Amazon e Microsoft. A Oracle, buscando entrar nesse seleto grupo, quebrou o padrão, disposta a alavancar-se em centenas de bilhões de dólares para abocanhar uma fatia relevante do mercado.
Para O’Laughlin, Amazon, Microsoft e Google não podem mais tratar a infraestrutura de Inteligência Artificial como um investimento discricionário; precisam defender seu território. O analista acredita que o que antes era uma corrida disciplinada e financiada por fluxo de caixa pode se transformar em uma corrida armamentista alimentada por dívidas.
Thiago Kapulskis, gestor da São Pedro Capital, vê riscos significativos na Oracle como tese de investimento, em grande parte atrelada ao crescimento da OpenAI. Ele questiona o que aconteceria se o plano de negócios da OpenAI não fosse aprovado, um novo concorrente entrasse com mais agressividade ou a adoção da Inteligência Artificial demorasse mais para acontecer.
O desenvolvimento da Inteligência Artificial e sua aplicação exigem um aumento exponencial de capacidade computacional. A magnitude dos data centers é medida em gigawatts. Hoje, a OpenAI possui 2 GW de capacidade instalada para rodar o ChatGPT e treinar seus modelos, estimando precisar de 250 GW em oito anos.
Surge então a questão de onde sairá tanta energia. Os 250 GW representam um quarto da capacidade atual de geração de eletricidade dos EUA. A voracidade de consumo de energia dos data centers já impactou a conta de luz dos americanos e pode se tornar tema eleitoral.
Outra pergunta é de onde virá o dinheiro necessário. A OpenAI fatura cerca de US$ 12 bilhões ao ano, enquanto sua previsão de investimentos até 2029 é de US$ 115 bilhões. Segundo a Bain & Co., até 2030, as empresas de Inteligência Artificial terão que gerar US$ 2 trilhões em receita anual para financiar os investimentos em data centers, enquanto o faturamento deverá ser de US$ 1,2 trilhão.
A OpenAI tem conseguido encontrar financiadores para sua ambição, dispostos a ter uma fração de um potencial vencedor na corrida da Inteligência Artificial. O que está em questão são as avaliações das Big Techs na Bolsa. Lisa Shalett, da Morgan Stanley Wealth Management, afirmou que, quando o crescimento do fluxo de caixa livre diminui, os preços atuais ficam em questão, aumentando a demanda por mais disciplina no retorno do investimento.
David Solomon, CEO da Goldman Sachs, alertou para os riscos da euforia excessiva, mas considera que estamos apenas no início da jornada da Inteligência Artificial. Ele comparou a situação atual com 1998, quando questões semelhantes eram levantadas, mas o mercado continuou subindo por mais três anos. Solomon previu uma reavaliação em algum momento e não se surpreenderia com uma queda nos mercados de ações nos próximos meses.
Apesar disso, Kapulskis acredita que ainda há espaço para valorização de ações relacionadas à Inteligência Artificial, mantendo investimentos em Microsoft, Google, Meta, Nvidia e TSMC. Julião investe em infraestrutura de Inteligência Artificial, como empresas de energia, além de Nvidia e TSMC. Ele destacou o aumento na demanda de eletricidade nos EUA a partir de 2023, com posicionamento em utilities impulsionado por data centers, política de incentivo à produção industrial e eletrificação da frota de veículos.
Via Brazil Journal
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