Executivos de empresas em todo o mundo estão cada vez mais inclinados a buscar acordos globais de fusões no segundo semestre deste ano. A confiança em mercados voláteis e políticas globais imprevisíveis impulsiona essa movimentação, conforme apontam negociadores do JPMorgan Chase.
Após uma retração no mercado de fusões e aquisições, motivada pela guerra comercial liderada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o setor mostra sinais de recuperação. Dados do JPMorgan revelam um aumento de 27% nos volumes globais de fusões e aquisições no primeiro semestre, totalizando US$2,2 trilhões.
Esse crescimento foi impulsionado por um aumento de 57% no número de grandes negociações, com valores superiores a US$10 bilhões. A análise foi realizada pelo JPMorgan, considerado o maior banco dos EUA e o segundo maior negociador do mundo.
Anu Aiyengar, chefe global de consultoria, fusões e aquisições do JPMorgan, destacou uma mudança de mentalidade no mercado. “Houve uma mudança de sentimento de esperar pela certeza para lidar com a incerteza, porque não se pode simplesmente continuar esperando”, afirmou em entrevista.
Ainda segundo Aiyengar, os conselhos de administração estão incentivando as equipes de gestão a adotar uma postura mais proativa. O objetivo é pensar grande, ousar e agir, em vez de aguardar por um cenário de total previsibilidade.
Diante de mercados instáveis e tensões geopolíticas, os executivos buscam negócios transformadores. Esses mega deals, geralmente avaliados em US$ 10 bilhões ou mais, visam proteger as cadeias de suprimentos e fortalecer a infraestrutura tecnológica em um contexto global incerto.
Apesar do aumento dos riscos regulatórios, a atividade transfronteiriça tem se mantido resiliente. A necessidade de escala se tornou um fator crítico, especialmente para grandes corporações multinacionais que enfrentam protecionismo político e rápidas mudanças nas demandas tecnológicas.
A busca por inovação em inteligência artificial também impulsiona as negociações. O mercado de IA deve atingir US$1,8 trilhão até 2030, um salto significativo em relação aos US$ 60 bilhões registrados em 2022, de acordo com estimativas do JPMorgan.
Nos Estados Unidos, a adoção de ferramentas de IA pelas empresas dobrou em relação ao ano anterior, atingindo 40%. A expectativa é que as empresas de tecnologia invistam US$ 1 trilhão em data centers nos próximos cinco anos.
Aiyengar ressalta que o mercado está recompensando os negócios que oferecem escala. Segundo ela, transações menores, como as de US$ 500 milhões, não têm o impacto necessário para solucionar problemas operacionais ou aumentar o valor para os acionistas.
Para os próximos meses, os setores de tecnologia, industrial e energia devem se manter aquecidos. A atividade de negócios na Ásia quase dobrou no primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado e não deve perder fôlego.
O mercado norte-americano se destaca como o mais atraente para aquisições. “O mercado aqui é maior. O consumidor daqui é mais resiliente. A capacidade das empresas de reagir às coisas é mais rápida. Em geral, a agilidade e a vivacidade são maiores e, por essas razões, em um ambiente volátil, esse se torna um mercado ainda mais atraente”, completa Aiyengar.
Via Forbes Brasil