Um ano após as Enchentes no Rio Grande do Sul de maio de 2024, a recuperação dos negócios ainda é um desafio. Uma pesquisa do Sebrae RS com 1.058 empresários das áreas afetadas revela que 46% voltaram à operação normal. Porém, 45% ainda estão em processo de reestruturação. A situação é mais crítica para os microempreendedores individuais (MEIs), com 13% ainda paralisados ou com atividades encerradas.
A pesquisa, intitulada “Pesquisa de Impacto 2025 – Eventos Climáticos”, foi realizada entre 3 e 28 de abril. Augusto Martinenco, gerente de Competitividade Setorial do Sebrae RS, destaca a resiliência das empresas. Mas ressalta a necessidade de apoio contínuo. A falta de recursos financeiros é o principal obstáculo. 84% dos negócios não têm capital próprio para a reconstrução e metade não consegue crédito. Cerca de 30% operam com faturamento abaixo do necessário, e 12% consideram fechar as portas.
As Enchentes no Rio Grande do Sul impactaram a demanda de 79% dos empreendedores. A dificuldade de acesso, devido à infraestrutura danificada, afeta 75% dos entrevistados. Perdas de estoque (57%) e danos estruturais (47%) também foram registrados. O acesso a apoio também é um problema. 35% dos empreendedores não receberam nenhum tipo de auxílio, enquanto 36% obtiveram ajuda governamental.
A busca por novos clientes é o maior desafio atual para 64% dos entrevistados. A gestão interna é prioridade para 42%. Preocupa o fato de que 47% ainda não adotaram medidas preventivas para futuros eventos climáticos. Apesar das dificuldades, há histórias de superação. O Cais Embarcadero, em Porto Alegre, reabriu sem subsídios e teve aumento de 53% no público.
O 360 POA Gastrobar, após meses sem faturar, retomou suas atividades. A Lajeadense Vidros, em Lajeado, reconstruiu sua fábrica com o dobro da capacidade. O jornal Correio do Povo manteve suas publicações mesmo com a redação evacuada. No setor de inovação, o Instituto Caldeira, apesar do prejuízo de R$ 400 milhões, continua crescendo e planeja impactar 40 mil jovens até 2025.
Outros exemplos de recuperação incluem a Livraria Taverna, reaberta com doações, a Gemelli Sorvetes, operando em nova planta após ser atingida por três enchentes, o Vila Flores, que voltou a funcionar com a ajuda de 500 voluntários, e a 4Beer, que se reergueu com financiamento coletivo e planeja expansão por franquias. A série “Negócios em Luta”, da EXAME, conta essas histórias de resiliência de micro e pequenos empreendedores no Rio Grande do Sul. A reconstrução do estado segue em andamento, com os empreendedores como força vital nesse processo. A pesquisa do Sebrae RS reforça a importância do apoio contínuo para a recuperação completa dos negócios afetados pelas Enchentes no Rio Grande do Sul.
Via Exame