Mercado de criptoativos perde mais de US$ 1,2 trilhão com queda global

Queda global faz mercado de criptoativos perder US$ 1,2 trilhão em semanas. Saiba o que causou o recuo do Bitcoin e outras moedas digitais.
19/11/2025 às 07:03 | Atualizado há 1 mês
               
Queda do Bitcoin
Ether caiu cerca de 30% desde o início de outubro, refletindo o mercado cripto. (Imagem/Reprodução: Braziljournal)

O mercado de criptoativos enfrenta uma forte liquidação, com perda acumulada de mais de US$ 1,2 trilhão nas últimas seis semanas. O Bitcoin, principal moeda digital, teve uma queda de quase 30% desde o pico em outubro, impactando também outras criptomoedas como o Ether.

Esta retração é consequência de um movimento global de aversão ao risco, que atingiu ativos de tecnologia e cripto em especial. Fatores como a incerteza econômica, redução nas expectativas de cortes de juros nos EUA e liquidação de posições alavancadas explicam essa correção no mercado.

Apesar da difícil fase, especialistas apontam que a recuperação do Bitcoin depende da melhora na percepção em relação às taxas de juros e à liquidez global. A queda atual abre espaço para oportunidades no longo prazo, mesmo com possíveis novas quedas no curto prazo.
Era para ser o ano dos criptoativos, mas o cenário mudou drasticamente. O Queda do Bitcoin nas últimas semanas transformou a moeda em um dos investimentos com pior desempenho desde janeiro. A forte liquidação provocou um declínio de quase 30% em relação ao pico de 6 de outubro, quando o valor ultrapassou US$ 126 mil. Desde então, a moeda digital entrou em declínio, chegando a ficar abaixo de US$ 90 mil pela primeira vez em sete meses.

O ano que parecia promissor para o **Bitcoin**, agora mostra um desempenho próximo de zero, com um aumento de apenas 0,3%. Antes dessa mudança, a moeda digital acumulava uma alta de mais de 30%. Outras criptomoedas também sentiram o impacto, com o Ether registrando uma queda semelhante de cerca de 30% desde o início de outubro.

A desvalorização combinada do **Bitcoin** e de outras moedas digitais ultrapassou US$ 1,2 trilhão nas últimas seis semanas. Houve uma retração de 25% desde o pico registrado em 6 de outubro. Os dados são da CoinGecko, que monitora informações de mais de 18 mil criptoativos, conforme reportado pelo Financial Times. Mas, afinal, qual a razão dessa repentina queda?

A correção no mercado de criptomoedas coincidiu com um movimento de risk-off nos mercados globais, afetando outros ativos de risco, como ações de empresas de tecnologia. Essa tendência reflete uma crescente percepção de que o crescimento da inteligência artificial pode ter atingido um ponto de inflexão. No entanto, a queda nos criptoativos foi ainda mais acentuada.

Analistas apontam uma combinação de fatores para explicar a Queda do Bitcoin, incluindo a realização de lucros, a incerteza macroeconômica e a liquidação de posições alavancadas. Um dos principais fatores recentes para o movimento de venda foi a mudança nas expectativas em relação à trajetória de redução das taxas de juros nos Estados Unidos.

Os traders reduziram suas apostas de que o Federal Reserve cortará a taxa na reunião de 10 de dezembro. A probabilidade de uma diminuição caiu para menos de 50%, um contraste com as expectativas de mais de 90% observadas três semanas antes.

Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, explica que o movimento mais intenso ocorreu devido a um acúmulo significativo de alavancagem perto do topo. O choque macro desencadeou uma liquidação em cadeia, resultando no encerramento de bilhões de dólares em posições compradas. Esse efeito rompeu níveis técnicos importantes, tornando a recuperação mais gradual.

Na avaliação de Ana de Mattos, para que o **Bitcoin** retome uma trajetória de alta no curto prazo, será necessário um alívio na percepção do mercado em relação às taxas de juros e à liquidez global. A análise dos registros na blockchain já indicava uma queda na atividade interna da rede **Bitcoin**, conforme apontado por Theodoro Fleury, CIO da QR Capital.

A valorização do **Bitcoin** vinha sendo sustentada pelo fluxo nos ETFs, com maior exposição de pessoas físicas e investidores institucionais, além das compras de empresas como a Strategy. Essas compras estavam dando sustentação ao preço, mas para continuarem emitindo ações e comprando mais moedas, essas empresas precisam que suas ações estejam avaliadas a um múltiplo maior do que 1 em relação ao estoque de **Bitcoin** que possuem.

O mergulho no mercado de criptomoedas também afetou as ações das bitcoin treasuries companies. A Strategy, de Michael Saylor, sofreu uma queda de 47% desde sua máxima em julho. No Brasil, a OranjeBTC desabou 52% desde sua estreia na B3 em 7 de outubro, enquanto a ação da Méliuz teve uma desvalorização superior a 60%.

Um fator importante a ser considerado na análise da correção recente é o halving, que ocorre a cada quatro anos e reduz pela metade a recompensa paga aos mineradores. Esse evento tende a gerar um ciclo de alta seguido por uma queda. O último halving foi em abril de 2024, e o próximo está previsto para abril de 2028.

Apesar dos desafios de curto prazo, Fleury acredita que questões estruturais da economia global tendem a incentivar a adoção do **Bitcoin** no futuro. No curto prazo, ele não descartaria novas quedas, mas vê isso como uma oportunidade para quem pensa a longo prazo.

Via Brazil Journal

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Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.