Mercado Livre adquire farmácia em São Paulo e agita setor

Descubra como a compra da farmácia Target pelo Mercado Livre pode alterar o setor farmacêutico no Brasil.
31/08/2025 às 19:41 | Atualizado há 3 dias
Entrada do Mercado Livre
Mercado Livre inicia sua jornada no setor farmacêutico com a compra de loja em SP. (Imagem/Reprodução: Braziljournal)

O Mercado Livre fez sua entrada no setor farmacêutico ao adquirir a farmácia Target, localizada no Jabaquara, São Paulo. Essa aquisição, feita através da startup Memed, especializada em prescrição médica, causou grande impacto nas ações de redes concorrentes, como RD e Pague Menos, que registraram quedas significativas. Analistas acreditam que, apesar de um impacto inicial limitado, essa ação pode transformar o mercado a médio e longo prazo.

A XP Investimentos ressaltou a compra como uma estratégia inteligente do Mercado Livre para lidar com os desafios regulatórios da venda de medicamentos online. Com a regulamentação atual da Anvisa, o Mercado Livre deve operar com restrições, mas essa farmácia pode servir como um projeto piloto para expandir sua atuação no setor. A empresa busca estabelecer presença física no varejo, criando oportunidades no mercado.

Além disso, a discussão do PL 2158 no Congresso, que pode permitir a venda de medicamentos em supermercados, adiciona uma nova camada de pressão sobre as drogarias tradicionais. O Santander acredita que a aquisição do Mercado Livre pode ser estratégica, preparando a empresa para oportunidades futuras, caso a regulamentação se altere. A movimentação do Mercado Livre indica um potencial de transformação no setor, mexendo com a dinâmica de concorrência nas drogarias.
A Entrada do Mercado Livre no setor farmacêutico, com a aquisição de uma farmácia em São Paulo, gerou grande atenção em grandes redes como RD e Pague Menos. Investidores e analistas indicam que, embora o impacto imediato possa ser limitado, existe um potencial significativo de transformação a médio e longo prazo, especialmente com possíveis mudanças nas regulamentações do setor.

O Mercado Livre (MELI) confirmou a compra da Target, uma farmácia situada no Jabaquara, São Paulo, pertencente à startup Memed, especializada em prescrição médica. A reação do mercado foi imediata, com a RD registrando uma queda de quase 7% em seu valor de mercado, enquanto a Pague Menos teve uma baixa de 4% no valor de suas ações.

Em um relatório intitulado “Um pequeno comprimido para a MELI, uma grande dor de cabeça para as farmácias”, a XP Investimentos destacou que a aquisição representa uma estratégia inteligente do Mercado Livre para contornar os desafios regulatórios existentes. Atualmente, a Anvisa impõe restrições à venda de medicamentos online, incluindo a necessidade de envio a partir de uma drogaria licenciada, a presença de um farmacêutico durante todo o período de vendas e a proibição da venda online de medicamentos controlados.

A analista Danniela Eiger, da XP, observou que a Entrada do Mercado Livre no varejo físico, mesmo que com uma presença limitada, configura uma maneira eficiente de lidar com a regulamentação, criando um “mini-CD”. A XP projeta que essa ação seja apenas o primeiro passo na construção de uma presença mais robusta do Mercado Livre no mercado farmacêutico.

A empresa pode utilizar essa farmácia como um projeto piloto, buscando adquirir outras lojas em locais estratégicos pelo país, visando expandir sua atuação na categoria. A XP acredita que o Mercado Livre encontrará pouca resistência na aquisição de farmácias, especialmente entre as redes independentes, devido às altas taxas de juros e à crescente concorrência no setor.

Mesmo com a aquisição, o Mercado Livre ainda não poderá vender medicamentos diretamente em seu marketplace, pois a regulamentação exige que a venda seja realizada no site da própria farmácia. Uma das possibilidades levantadas é que o Mercado Livre crie um site ou aplicativo chamado “Farmácia MELI”, utilizando o ativo adquirido. Dessa forma, o tráfego de seu marketplace poderia ser direcionado para a farmácia, com as vendas sendo finalizadas no domínio da mesma, em conformidade com a RDC 44.

O Santander também acredita que seria mais fácil para o Mercado Livre manter um único ponto físico, com farmacêuticos disponíveis para atender às prescrições eletrônicas, como já é feito por muitas farmácias. A escala inicial seria modesta, permitindo ao Mercado Livre aprender sobre sortimento, reembolso e a logística da última milha. Para o banco, essa estratégia criaria know-how dentro da empresa, sem infringir as normas da Anvisa, preparando o Mercado Livre para um possível avanço no setor caso a legislação evolua.

A notícia da Entrada do Mercado Livre no setor ocorre em um momento em que as redes de drogarias já enfrentam a pressão de outra possível ameaça: o PL 2158, que está em discussão no Senado e pode permitir a venda de medicamentos em supermercados, aumentando a concorrência. Apesar da resistência do Ministro da Saúde em relação ao PL, a discussão gera incertezas nas ações do setor, intensificadas com a chegada de um novo concorrente de peso.

Para o Santander, a evolução da regulamentação pode estar influenciando a estratégia do Mercado Livre. O banco ressalta que não se pode descartar a possibilidade de que essa aquisição esteja relacionada ao debate em andamento no Congresso sobre o PL 2.158. Caso futuras mudanças regulatórias flexibilizem as restrições ao marketplace, o Mercado Livre estaria bem posicionado para expandir suas operações, aproveitando seu tráfego online e sua capacidade de fulfillment.

Via Brazil Journal

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.