Mercado Livre intensifica sua atuação no setor farmacêutico

Mercado Livre busca expandir no setor de farmácias, provocando disputa com grandes redes. Entenda o que está em jogo.
07/10/2025 às 16:45 | Atualizado há 5 horas
Mercado Livre em farmácias
Mercado Livre defende concorrência e critica tentativas de proteger mercado nas farmácias. (Imagem/Reprodução: Investnews)

O Cade está no centro de uma polêmica envolvendo o Mercado Livre e farmácias. A disputa começou com a aquisição da Cuidamos Farma, que levantou preocupações sobre a concentração de mercado. A reclamação é que a compra poderia facilitar a entrada do Mercado Livre no comércio de medicamentos online, um setor rigorosamente regulado.

As dúvidas surgiram após a compra ser aprovada. Associações como a Abrafarma e a ABCFarma alertaram sobre os riscos de uma big tech atuando no ramo farmacêutico. Ambas as entidades pedem uma análise mais aprofundada para proteger a concorrência e evitar potenciais abusos.

O Mercado Livre, por sua vez, defende que a inovação é benéfica ao mercado. Segundo a empresa, sua aquisição não altera a estrutura do setor e não inauguraliza venda de medicamentos. Apesar disso, as tensões continuam, pois o futuro das farmácias depende da análise do Cade.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está no centro de um debate acalorado entre o Mercado Livre em farmácias e as grandes redes do setor. A aquisição de uma pequena drogaria em São Paulo pelo Mercado Livre, que parecia um movimento discreto, transformou-se em uma disputa intensa, com acusações mútuas sobre barreiras regulatórias, concentração de mercado e a nova dinâmica da concorrência digital.

Tudo começou em setembro, quando o Cade aprovou a compra da Cuidamos Farma, uma farmácia modesta no bairro do Jabaquara, zona sul de São Paulo, pela K2 Intermediações, empresa ligada à Kangu, plataforma de logística que já fazia parte do grupo Mercado Livre. A Cuidamos Farma pertencia à Memed, uma startup de prescrição digital controlada pela DNA Capital, da família Bueno.

A aprovação da aquisição, vista inicialmente como rotineira, soou o alarme no setor farmacêutico. Associações como a Abrafarma, que representa grandes redes como Raia Drogasil, DPSP, Pague Menos e Panvel, e a ABCFarma, que reúne farmácias independentes, questionaram a decisão.

O receio é que essa operação sirva como uma via de acesso para o Mercado Livre no comércio de medicamentos online, um mercado que movimenta cerca de R$ 200 bilhões ao ano e é rigorosamente regulado pela Anvisa. As associações argumentam que o Mercado Livre poderia utilizar a farmácia adquirida como base legal para vender medicamentos pela internet, integrando sua logística e sistema de pagamentos a um ecossistema de saúde.

A Abrafarma classificou a operação como o primeiro passo de uma estratégia de expansão no mercado farmacêutico, enquanto a ABCFarma criticou o Cade por aprovar a aquisição de forma sumária, sem avaliar os impactos da entrada de uma big tech em um setor tão sensível.

Em contrapartida, o Mercado Livre defende que a entrada de novos agentes digitais é benéfica para o mercado, aumentando a concorrência e beneficiando o consumidor. A empresa argumenta que as associações do setor farmacêutico estão tentando proteger um mercado tradicionalmente resistente à competição.

A empresa também esclareceu que não há parcerias com a Memed, que a compra se limitou à farmácia física, e que não comercializa medicamentos nem permite anúncios desse tipo em sua plataforma. Segundo a defesa do grupo, a operação não causa alterações na estrutura do mercado e não gera sobreposição horizontal ou vertical.

A Abrafarma contesta, afirmando que a aquisição não se trata de uma simples farmácia de bairro, mas da primeira compra física do grupo no Brasil desde 1999, com potencial para integrar o maior marketplace do país ao mercado farmacêutico. As entidades defendem que o Cade deveria consultar a Anvisa e a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) antes de validar a aprovação.

Recentemente, o presidente do Cade, Gustavo Lima, rejeitou o recurso apresentado pela ABCFarma, encerrando o pedido de revisão feito pela entidade. A decisão considerou que a associação não se manifestou como terceira interessada dentro do prazo legal e, portanto, não tem legitimidade para recorrer.

Com a rejeição do recurso da ABCFarma, a aprovação da operação permanece válida. No entanto, o Cade ainda precisa analisar o pedido da Abrafarma, que segue em análise. O desfecho dessa análise poderá redefinir o futuro do Mercado Livre em farmácias no Brasil e o equilíbrio entre os gigantes do varejo farmacêutico.

Via InvestNews

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.