No vibrante mundo das bebidas alcoólicas, a crise da tequila surge como um desafio inesperado para um setor que, até recentemente, desfrutava de um crescimento notável. Marcas renomadas e celebridades que investiram pesado nesse mercado agora enfrentam a dura realidade de uma desaceleração, impulsionada pela queda no consumo, excesso de oferta de agave e tensões comerciais.
O mercado de tequila, que viu um aumento expressivo nos últimos anos, está sob pressão devido a múltiplos fatores. A diminuição no consumo pós-pandemia e o excesso de agave, matéria-prima essencial, levaram a uma queda nos preços e, consequentemente, nos lucros dos produtores. Para agravar a situação, a possível implementação de tarifas de importação pode impactar ainda mais o setor.
Diante desse cenário, algumas marcas já estão ajustando suas estratégias. A 818 Tequila, de Kendall Jenner, por exemplo, reduziu contratações e investimentos em marketing, focando em sua linha principal para manter preços competitivos. Essa medida reflete uma tendência geral de cautela e adaptação ao novo contexto de mercado, onde a euforia dos anos anteriores dá lugar a uma abordagem mais realista e focada na eficiência.
A **crise da tequila** também impacta grandes players do mercado. A Casamigos, marca de George Clooney, registrou uma queda de 22% nas vendas. A CEO da Diageo, Debra Crew, observa que os consumidores não estão mais retornando para recomprar garrafas, indicando um certo ceticismo em relação às novas marcas. No entanto, alguns ainda apostam em tequilas mais acessíveis, como a Pantalones de Matthew McConaughey, buscando atrair consumidores que antes gastavam mais em rótulos premium.
Para mitigar os efeitos da **crise da tequila**, as marcas estão explorando mercados internacionais. A Pantalones já fechou um acordo com o supermercado Tesco no Reino Unido, enquanto a 818 planeja expandir para países como Itália e Alemanha. Essa estratégia visa reduzir a dependência do mercado americano, que atualmente consome a maior parte da tequila exportada.
Apesar dos desafios, o mercado global de tequila ainda apresenta perspectivas de crescimento. No Brasil, por exemplo, a tequila conquistou espaço em bares e restaurantes de luxo, com consumidores dispostos a pagar mais por rótulos premium. A expectativa é que o mercado global continue a crescer nos próximos anos, impulsionado pela demanda de millennials e pela popularidade de drinks à base de tequila.
O cenário atual exige um ajuste de rota por parte das marcas de tequila. Celebridades que antes impulsionavam as vendas agora precisam provar que suas marcas têm valor além do marketing e da fama. A sobrevivência no mercado dependerá da capacidade de oferecer produtos de qualidade a preços justos, adaptando-se às mudanças nas preferências dos consumidores e aos desafios econômicos e políticos.
Via Exame
