No mais recente desdobramento da disputa no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a Minerva respondeu às acusações de boicote feitas por Marfrig e BRF, que alegam dificuldades no fornecimento de carne bovina. A celeuma, que envolve cifras bilionárias, ganhou um novo capítulo com a defesa da Minerva.
Em um documento enviado ao Cade, a Minerva nega veementemente qualquer prática ilícita. A empresa argumenta que os contratos firmados com a Marfrig após a venda de 15 frigoríficos em 2024 não estabeleciam obrigações de fornecimento, apenas cláusulas de preferência. Segundo a Minerva, isso não configura descumprimento contratual.
A petição, assinada pelo escritório Almeida Prado Hoffman, que representa a Minerva no Cade, enfatiza que “A Marfrig distorce os fatos ao alegar que a Minerva teria descumprido obrigações contratuais de fornecimento que simplesmente não existem”. A defesa da Minerva é um ponto crucial nesta complexa disputa no Cade.
Além de se defender das acusações, a Minerva contra-ataca, acusando a Marfrig de agir com “desvio de finalidade”. A Minerva alega que a denúncia foi apresentada fora do prazo regimental do processo principal como uma forma de retaliação ao recurso protocolado contra a fusão com a BRF.
A Minerva argumenta que a alegação da Marfrig foi uma retaliação à sua atuação no processo e que o Cade não deveria ser usado como “instância para revide entre partes envolvidas em uma operação de concentração”. Essa acusação adiciona uma camada extra à disputa no Cade.
A empresa também questiona a legalidade da incorporação das ações da BRF pela Marfrig antes da aprovação final do Cade, alegando uma tentativa de criar um fato consumado sem aval regulatório. A Minerva critica a decisão da Marfrig de seguir adiante com a incorporação antes da análise definitiva do Cade.
No centro dessa disputa no Cade está a criação da MBRF Global Foods, uma nova gigante do setor de carnes que uniria Marfrig e BRF, com um faturamento anual superior a R$ 150 bilhões. A Minerva tenta barrar a operação, alegando que ela representa um risco à concorrência.
A Minerva aponta para a atuação cruzada do fundo soberano saudita para a segurança alimentícia, a Salic, que é acionista relevante das três empresas envolvidas: Minerva, BRF e Marfrig. Segundo a Minerva, essa sobreposição tem o potencial de comprometer a rivalidade entre as empresas.
Ainda não há data definida para o julgamento do caso pelo Tribunal do Cade, mas a disputa no Cade continua a gerar discussões e expectativas no mercado. A defesa da Minerva e suas acusações contra a Marfrig adicionam novos elementos a essa complexa batalha.
Via InvestNews