Mudanças no mercado das debêntures incentivadas de infraestrutura

Entenda a recente alta nos spreads e o impacto nos fundos de debêntures incentivadas no Brasil.
07/11/2025 às 15:02 | Atualizado há 1 mês
               
Debêntures incentivadas de infraestrutura
Spreads das debêntures de infraestrutura se expandem após meses em território negativo. (Imagem/Reprodução: Braziljournal)

Após um período de estabilidade, os spreads das debêntures incentivadas de infraestrutura aumentaram significativamente, impactando o mercado de renda fixa e os fundos de investimento. Esse movimento eleva o risco de resgates e afeta diretamente o valor das cotas desses fundos.

A elevação dos spreads resultou em quedas no preço dos títulos, refletindo em desvalorização para investidores. Além disso, a possibilidade de resgates em massa pressiona ainda mais os preços, embora regras dos fundos limitem impactos imediatos.

Por outro lado, esse cenário pode oferecer oportunidades para gestores com estratégia mais conservadora, que podem aproveitar os descontos no mercado secundário. A dinâmica atual exige atenção especial dos investidores às oscilações das debêntures incentivadas.
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Após um período de taxas comprimidas, os spreads das Debêntures incentivadas de infraestrutura sinalizam mudanças no mercado de renda fixa. Este movimento impacta diretamente os fundos de investimento, aumentando o risco de resgates após um período de grande atratividade impulsionada pela isenção de imposto de renda e retornos consistentes. A recente discussão sobre a taxação de novas emissões no Congresso também influenciou essa dinâmica.

A elevação das taxas reflete uma diminuição no valor dos títulos, afetando negativamente as cotas dos fundos dedicados a esses ativos. Rafael Fritsch, sócio da Root Capital, observou que os spreads médios subiram 30 pontos-base na semana anterior. Para um duration médio de 7 anos, isso representa uma queda de aproximadamente 2% no preço dos títulos.

Um relatório do Bradesco indicou uma abertura de 40 basis points nos spreads em um período de duas semanas. Em meados de outubro, esses papéis eram negociados com um desconto de 53 basis points em relação às NTN-Bs, conforme dados do Idex-Infra, índice da JGP que acompanha o mercado, composto por títulos triplo A. Atualmente, o desconto é de apenas 6 bps, contrastando com o prêmio médio de 30 bps em relação às NTN-Bs nos últimos 12 meses.

A grande questão é como os investidores reagirão a essa nova realidade, com a possibilidade de cotas negativas. Caso ocorram resgates significativos, os gestores podem ser forçados a vender os papéis rapidamente, o que pode intensificar a pressão negativa sobre os preços. Victor Toffolo, da Bradesco Asset, acredita que o setor está relativamente protegido, pois muitos fundos possuem resgate em D+30.

As regras dos fundos de Debêntures incentivadas de infraestrutura exigem que, após seis meses de existência, as carteiras mantenham 67% do patrimônio líquido nesses papéis, elevando-se para 85% após dois anos. O lançamento de novos fundos gerou uma demanda que, em alguns casos, levou gestores a adquirir papéis com pouca margem de segurança. Um gestor de crédito relatou que alguns títulos AAA de longo prazo alcançaram preços que não compensavam em relação às debêntures simples, tributadas, de emissores como Suzano, CTEEP, Vale e CPFL.

Até meados de outubro, os fundos de Debêntures incentivadas de infraestrutura captaram cerca de R$ 21 bilhões, com pico de R$ 5,4 bilhões em agosto. Nas primeiras semanas de outubro, a captação atingiu R$ 1,6 bilhão. Jean-Pierre Cote Gil, da Vinland, minimiza o impacto da retirada da pauta da MP que tributaria essas debêntures, enfatizando o desconforto com os spreads negativos.

Gestores de crédito notaram que os bancos começaram a reduzir os spreads nas emissões primárias, levando até mesmo grandes gestoras a não participarem das operações. Com a queda na demanda, os bancos aumentaram o uso da garantia firme, e agora oferecem papéis no mercado secundário com descontos. Esse cenário pode criar oportunidades para gestores com alocações mais conservadoras ou com caixa disponível.

Ulisses, da Sparta, vislumbra que esse movimento pode ser uma oportunidade para quem não alocou recursos a qualquer preço ou para fundos listados que não permitem resgates.

Via Brazil Journal

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Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.