Como a Música Influencia o Funcionamento do Cérebro

Entenda como a música pode transformar e afetar nosso cérebro e emoções.
29/05/2025 às 06:17 | Atualizado há 3 meses
Como a música afeta o cérebro humano
Músicas podem ativar nosso sistema opióide, trazendo prazer e bem-estar. (Imagem/Reprodução: Forbes)

A influência da música no nosso cérebro sempre despertou a curiosidade de cientistas e entusiastas. Recentemente, dois estudos distintos lançaram novas luzes sobre como a música afeta o cérebro humano. Uma das pesquisas revelou que nossos neurônios tendem a se sincronizar com os ritmos musicais, enquanto a outra mostrou que as músicas que mais gostamos podem ativar um sinal químico associado ao prazer.

Um dos estudos, realizado na Finlândia, investigou o que acontece no cérebro quando ouvimos nossas músicas prediletas. Para isso, os pesquisadores solicitaram que 15 voluntários ouvissem suas músicas favoritas enquanto seus cérebros eram monitorados por tomografia por emissão de pósitrons (PET). O objetivo era observar como os opioides eram liberados em resposta aos estímulos sonoros.

A via de sinalização dos opioides no cérebro desempenha um papel crucial em como essas substâncias atuam. Além de sua capacidade de aliviar a dor, os opioides também têm o poder de alterar nosso humor. Essa é uma das razões pelas quais essas substâncias podem ser tão viciantes, embora elas não estejam presentes apenas em drogas ilícitas.

Os opioides também ocorrem naturalmente no cérebro, e diversos sinais internos do corpo podem estimular sua liberação. De acordo com o estudo finlandês, é exatamente isso que acontece quando escutamos nossas músicas favoritas. Esse fenômeno pode explicar, em parte, por que sentimos aqueles arrepios de felicidade quando uma canção realmente nos toca.

Segundo Vesa Putkinen, responsável pelo estudo na Universidade de Turku, os resultados mostram, pela primeira vez, que ouvir música ativa o sistema de opioides do cérebro de forma direta. A liberação dessas substâncias explica por que a música pode gerar sensações tão intensas de prazer, mesmo não sendo uma recompensa primária essencial para a sobrevivência ou reprodução, como a comida ou o prazer sexual.

Além disso, como a via de sinalização dos opioides também está envolvida no alívio da dor, isso pode explicar por que algumas pessoas percebem que a música pode ajudar a reduzir dores físicas.

Em um segundo estudo, outro grupo de pesquisadores analisou diversos artigos científicos já publicados sobre a neurociência da música. Eles notaram que vários desses estudos corroboram a ideia de que o ritmo natural do cérebro está intimamente ligado à nossa experiência com canções.

A música possui um ritmo inerente, mas nossos corpos também têm seus próprios ritmos naturais. As ondas cerebrais, ou oscilações neurais, são padrões regulares criados pelos disparos dos neurônios ou de grupos de neurônios. Alguns pesquisadores já suspeitavam que esses ritmos poderiam se sincronizar com o ritmo da música, e o novo estudo reuniu evidências que fortalecem essa hipótese.

Caroline Palmer, autora do estudo na Universidade McGill, enfatiza que essa teoria sugere que a música é poderosa não apenas porque a ouvimos, mas porque nossos cérebros e corpos se tornam parte integrante dela. Essas descobertas têm implicações significativas para áreas como terapia, educação e tecnologia.

Em conjunto, esses dois estudos revelam que as obras musicais afetam nosso cérebro de diversas maneiras. Se ouvir música tem um impacto tão forte nos sistemas de ritmo e recompensa do cérebro, isso pode fortalecer ainda mais o uso da musicoterapia. Já existem muitas evidências de que a musicoterapia funciona para algumas condições, como Parkinson e Alzheimer, e esses novos estudos podem abrir caminho para ainda mais aplicações terapêuticas com música.

Via Forbes Brasil

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.