A influência de Elon Musk no governo americano levanta questões sobre o futuro da exploração espacial. Será que a NASA priorizará Marte, o foco da SpaceX de Musk, em detrimento do retorno à Lua? Acompanhe a análise das implicações dessa possível mudança de rumo.
Musk altera planos NASA Lua: essa é a questão que paira sobre a agência espacial americana. O programa Artemis, que visa levar astronautas novamente à superfície lunar, pode ser afetado pela visão de Musk, voltada para a colonização de Marte. Especula-se que o foguete SLS, crucial para o projeto lunar e para futuras missões a Marte, possa ser cancelado.
A última vez que o homem pisou na Lua foi em 1972, com a Apollo 17. Desde 2004, diversos planos para retornar foram propostos, mudando de nome a cada novo presidente. Atualmente, o programa Artemis representa essa ambição. Em 2022, a missão Artemis 1, sem tripulação, orbitou a Lua com sucesso, testando o foguete SLS. A Artemis 2, com astronautas a bordo, está prevista para 2026. No entanto, Índia, China e empresas privadas já realizaram pousos lunares robóticos nos últimos anos.
Essa corrida espacial levanta um questionamento: seria mais estratégico focar em Marte diretamente? Essa abordagem implicaria em abandonar o Lunar Gateway, uma estação espacial planejada para orbitar a Lua em 2027, servindo como ponto de partida para Marte. A viagem à Lua é significativamente mais curta e energeticamente menos custosa do que a viagem a Marte.
Ir a Marte é um desafio muito maior. A distância é 833 vezes superior à da Lua, com janelas de lançamento favoráveis a cada 18 meses. Uma viagem pode durar de seis a nove meses, exigindo que a tripulação lide com qualquer problema a bordo sem possibilidade de resgate. O portal lunar facilitaria a viagem, permitindo a partida de astronautas da Lua, com menor gravidade, para Marte. A propulsão seria mais eficiente em etapas.
A SpaceX, de Musk, pretende pousar naves não tripuladas em Marte em 2026 e enviar humanos em 2028. Esse cronograma ambicioso depende de reabastecimento em órbita e de grandes investimentos. Como o portal lunar não estaria operacional antes de 2028, priorizar Marte agora poderia acelerar a missão, mas com riscos. A influência de Musk no governo e a possível nomeação de Jared Isaacman, astronauta privado, para a direção da NASA, sugerem que essa pode ser a opção escolhida.
A NASA enfrenta, portanto, uma decisão crucial: manter o programa Artemis com foco na Lua ou investir em Marte, contando com a SpaceX. Financiar ambos pode ser inviável. A presença de um portal lunar facilitaria a missão marciana. Se os EUA abandonarem a Lua, outras nações podem ocupar esse espaço, inclusive estabelecendo bases para futuras missões a Marte. Embora Marte tenha condições mais favoráveis à vida humana, com alguma atmosfera e possibilidade de extração de água, estudos indicam que não é possível terraformá-lo para torná-lo habitável como a Terra. A maior distância do Sol afeta a eficiência dos painéis solares, e Marte não possui hélio-3, potencial combustível para fusão nuclear.
A exploração de Marte é um desafio empolgante, mas a decisão sobre qual caminho seguir deve ser baseada em análises científicas e não em interesses políticos ou de bilionários. Acompanhe os próximos capítulos dessa jornada espacial.
Via Folha de S.Paulo