Nervosismo fiscal na Europa impacta mercados globais

O nervosismo fiscal na Europa provoca reações em mercados globais, com alta do dólar e quedas nas bolsas de valores.
02/09/2025 às 19:24 | Atualizado há 2 semanas
Nervosismo fiscal com a Europa
Temores na Europa fazem rendimentos dos títulos alcançarem máximas em anos. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Recentes preocupações fiscais na Europa geraram reações significativas nos mercados financeiros globais. O desempenho do dólar aumentou, refletindo a insegurança sobre as finanças públicas nas principais economias europeias. Com a libra esterlina desvalorizada e o rendimento dos títulos dos EUA em alta, o cenário se torna tenso para investidores.

Os mercados de ações enfrentaram quedas, com o índice Stoxx 600 em baixa de 1,50%. A crise política na França e as complicações financeiras do Reino Unido intensificaram esses temores, levando os investidores a reavaliarem suas estratégias. O impacto no Brasil também foi notável, com o real perdendo valor frente ao dólar.

Nos EUA, a dívida federal enfrenta crescimento alarmante e discussões no Congresso sobre o controle dos gastos. A pressão inflacionária e as incertezas sobre tarifas comerciais estão ampliando o nervosismo econômico. Esse cenário exige uma atenção constante dos investidores sobre as fontes de instabilidade e suas possíveis repercussões.
“`html

As recentes movimentações no mercado financeiro global têm demonstrado um aumento no nervosismo fiscal com a Europa, impactando diretamente o desempenho do dólar e as bolsas de valores. Investidores estão cada vez mais preocupados com a sustentabilidade das finanças públicas em algumas das maiores economias da Europa, o que tem gerado uma série de reações em diversos mercados.

Nesta terça-feira, o dólar apresentou uma valorização notável, especialmente em relação às moedas europeias. A libra esterlina sofreu uma forte queda, refletindo as incertezas em torno das perspectivas orçamentárias do Reino Unido. Paralelamente, nos Estados Unidos, o rendimento do Treasury de 30 anos atingiu seu nível mais alto desde julho, acompanhando a tendência de alta nos mercados de títulos da Europa e do Reino Unido. Esse movimento sugere um temor crescente de que os governos das principais economias globais possam estar perdendo o controle sobre seus déficits fiscais.

Na Europa, os rendimentos dos títulos locais dispararam, atingindo máximas históricas. No Reino Unido, os títulos alcançaram o maior nível desde 1998, pressionados pelas perspectivas orçamentárias e pelo aumento da dívida. Na zona do euro, a crise política na França, desencadeada pela tentativa de aprovar cortes de gastos, intensificou as preocupações, consolidando a queda do governo do primeiro-ministro.

O índice DXY, que avalia o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de 0,64%, atingindo 98,397 pontos. O euro desvalorizou-se para US$ 1,1643, enquanto a libra caiu para US$ 1,3390. A moeda americana também se fortaleceu em relação ao iene japonês, cotada a 148,37 ienes. No Brasil, o real também sofreu desvalorização, com o dólar à vista fechando em alta de 0,66%, a R$ 5,4748.

Os mercados acionários globais reagiram negativamente, com quedas generalizadas. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 1,50%, a 543,17 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,87%, a 9.116,69 pontos. Frankfurt viu o DAX recuar 2,21%, a 23.505,26 pontos, enquanto Paris registrou uma queda de 0,70% no CAC 40, a 7.654,25 pontos.

Jim Barnes, diretor de renda fixa da Bryn Mawr Trust, comentou que a situação no Reino Unido e na França traz à tona questões sobre os déficits nos EUA, a dívida pendente e o potencial impacto inflacionário das tarifas, fatores que, segundo ele, estão elevando os rendimentos globalmente. Essa interconexão entre as economias reforça a percepção de que o nervosismo fiscal com a Europa pode ter repercussões amplas.

A Capital Economics estima que, para cumprir a regra fiscal com uma margem de 10 bilhões de libras, Rachel Reeves precisará arrecadar entre 18 e 28 bilhões de libras no Orçamento de Outono, principalmente por meio de impostos mais altos. A consultoria expressa preocupação com o impacto do aumento de impostos sobre famílias e bancos, prevendo um consumo mais fraco, inflação mais alta e um dilema estagflacionário para o Banco da Inglaterra.

Na zona do euro, a aceleração do índice de preços ao consumidor (CPI) em 2,1% reduziu as expectativas de um corte de juros em setembro pelo Banco Central Europeu (BCE), de acordo com a Pantheon Macro. Apesar disso, François Villeroy de Galhau, membro do Conselho do BCE, afirmou que a inflação está bem controlada e o crescimento econômico segue em linha com as previsões.

Nos Estados Unidos, a dívida federal atingiu US$ 37,18 trilhões, conforme dados do Departamento do Tesouro, com um crescimento contínuo sob governos de diferentes partidos. O Congresso americano tem um prazo curto para garantir o financiamento das agências federais e evitar uma paralisação parcial do governo, necessitando de um acordo sobre os gastos discricionários no orçamento federal.

O mercado americano também enfrenta incertezas após a decisão judicial de considerar ilegais as tarifas impostas pelo governo a importações estrangeiras. A decisão do governo Trump de apelar à Suprema Corte adiciona mais um elemento de instabilidade, com o ex-presidente alertando para sérios problemas caso as tarifas não sejam mantidas.

O ING destaca que fatores sazonais podem fortalecer o dólar em setembro, impulsionados pelos pagamentos de imposto de renda de empresas americanas. A análise do ING sugere que, apesar da perspectiva de números de emprego mais fracos e do possível corte de juros pelo Federal Reserve, o dólar pode não seguir um caminho de baixa em setembro.

Em resumo, o nervosismo fiscal com a Europa tem desencadeado uma série de reações nos mercados globais, desde a valorização do dólar até a queda das bolsas de valores. As preocupações com a sustentabilidade das finanças públicas e as incertezas políticas na Europa, juntamente com as questões fiscais nos Estados Unidos, contribuem para um cenário de cautela e volatilidade nos mercados financeiros.

Via InfoMoney

“`

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.