No Brasil, o Dia do Orgulho LGBTQIA+ é um marco na luta por direitos e visibilidade. Para apoiar essa causa, a Nestlé e a Bicha da Justiça promovem a 9ª edição da campanha “Orgulho do Meu RG”, focada na retificação de documentos LGBTQIA+ de pessoas trans, travestis e não binárias em todo o país. A iniciativa busca reduzir os obstáculos financeiros e burocráticos enfrentados por essa população.
A campanha, que começou em 2021, identificou que os altos custos e a complexidade burocrática são os principais desafios para a retificação de documentos LGBTQIA+. Em São Paulo, por exemplo, é necessário apresentar cerca de 35 documentos para alterar o nome, conforme explica Bruna Andrade, CEO da Bicha da Justiça.
A dificuldade de acesso a serviços públicos e cartórios é ainda maior fora dos grandes centros urbanos. A campanha visa atender pessoas de todo o Brasil, auxiliando com os custos do processo. Até o momento, 280 pessoas em 140 cidades foram impactadas, e nesta edição, 35 pessoas terão a oportunidade de realizar a retificação.
Augusto Drumond, head de Diversidade e Inclusão da Nestlé, ressalta que o apoio à Bicha da Justiça está alinhado com a estratégia de DEI da empresa. A Nestlé busca representar a diversidade da população brasileira, incluindo seus mais de 20 mil colaboradores. Financiar a retificação de documentos LGBTQIA+ é uma forma de reafirmar a dignidade e garantir que o documento corresponda à identidade de cada pessoa.
Internamente, a Nestlé financia 80% dos custos para a emissão de novos documentos de seus funcionários. Além disso, a empresa se compromete com ações de letramento, contratações afirmativas e apoio à comunidade trans. A diversidade é vista como um fator importante para antecipar decisões sobre consumidores, produtos e marcas.
A Nestlé possui cinco grupos minoritários dentro de sua estratégia ESG: mulheres, negros, pessoas com deficiência, diferentes gerações e LGBTQIA+. Atualmente, a empresa conta com mais de mil PCDs, 47% de pessoas negras e uma representação de 44% de mulheres entre seus colaboradores.
Bruna Andrade, da Bicha da Justiça, destaca que a palavra “recomeço” é frequente nos atendimentos para emissão de novos documentos. Para muitas pessoas trans, ter um documento que represente seu nome e imagem significa a abertura de novas portas e a materialização de sonhos. A retificação de documentos LGBTQIA+ transforma vidas.
Ambos os especialistas concordam que o avanço dos direitos LGBTQIA+ no Brasil depende da garantia de punição para crimes de transfobia e homofobia. É necessária uma legislação mais efetiva para identificar as violências e responsabilizar os agressores. No âmbito corporativo, o letramento é essencial para mostrar as possibilidades da diversidade e promover a inclusão.
Via Exame
