A ascensão de líderes populistas como Trump, Chávez e AMLO levanta questões sobre racionalidade política. Suas propostas, muitas vezes extravagantes, e retórica inflamada, como o “Make America Great Again”, ressonam com um público descontente. Esse fenômeno, com implicações internacionais, evoca a Teoria do Louco na Política.
A imprevisibilidade pode ser uma arma. Líderes que cultivam uma imagem volátil podem intimidar adversários e obter concessões. A Teoria do Louco na Política, inspirada na estratégia de Nixon durante a Guerra do Vietnã, explora essa tática. Nixon buscava projetar uma imagem de irracionalidade, sugerindo que tomaria medidas extremas para encerrar o conflito.
A Teoria do Louco na Política não se baseia em insanidade real, mas em uma calculada “loucura estratégica”. Figuras históricas, como Maquiavel, já reconheciam o poder da dissimulação. Um estudo apontou que, entre 1986 e 2010, cerca de 8% dos líderes mundiais se enquadravam nesse perfil. Apesar de representar uma minoria, essa abordagem ganhou força com o recente populismo.
Contudo, a Teoria do Louco na Política tem suas desvantagens. Embora a imprevisibilidade possa gerar vantagens táticas, ela também corrói a credibilidade. A incapacidade de assumir compromissos críveis, devido à constante volatilidade, enfraquece esses líderes. Roseanne McManus, em “The Limits of Madman Theory”, destaca os riscos dessa postura.
Ações imprevisíveis frequentemente resultam em mal-entendidos e escalada de conflitos. Parceiros estratégicos hesitam em colaborar com líderes imprevisíveis, levando ao isolamento internacional. No caso de Trump, as instituições democráticas e a opinião pública limitaram sua capacidade de agir de forma totalmente irracional. A “loucura estratégica”, portanto, é uma aposta arriscada, com potencial para resultados desastrosos. O contexto e as restrições institucionais influenciam o sucesso ou fracasso dessa tática. A busca por vantagem pela Teoria do Louco na Política pode se transformar em um tiro pela culatra, como na “Balada do Louco” de Os Mutantes. A Teoria do Louco na Política, apesar de sua aparente eficácia em curto prazo, apresenta desafios consideráveis para a estabilidade e cooperação internacional.
Via Folha de S.Paulo