O biocarvão, também conhecido como biochar, surge como uma solução promissora para a agricultura e o meio ambiente. Produzido através da queima de resíduos orgânicos, este material rico em carbono não só aumenta a fertilidade do solo, mas também atua como um sequestrador de carbono a longo prazo. Apesar do seu potencial, a produção de biocarvão em larga escala enfrenta desafios significativos.
A pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) demonstra os efeitos positivos do biocarvão em diversas culturas e tipos de solo. Olivier Reinaud, da NetZero, destaca que as regiões tropicais, com altas temperaturas e insolação, oferecem um terreno fértil para a produção de biocarvão, devido à maior produção de biomassa e sistemas de reutilização menos desenvolvidos.
A produção em larga escala de biocarvão esbarra na infraestrutura existente, focada principalmente na madeira, que representa apenas 15% do potencial total. Os 85% restantes vêm de resíduos de colheita, exigindo um modelo circular que produza e aplique o biocarvão localmente. A cana-de-açúcar se destaca como uma matéria-prima viável, devido à sua produção centralizada, facilitando a implementação de sistemas circulares e a rastreabilidade, essencial para a geração de créditos de carbono.
Outras culturas, como soja e arroz, apresentam desafios na produção de biocarvão, devido à dispersão dos resíduos e à complexidade dos ciclos de colheita. Cada tipo de resíduo exige soluções específicas para garantir a viabilidade financeira e a compatibilidade da infraestrutura. A superação dessas complexidades é fundamental para o sucesso da produção de biocarvão e a realização de seus benefícios climáticos e agrícolas.
Apesar dos obstáculos, o potencial do biocarvão para o sequestro de carbono e a melhoria do solo justifica os esforços para expandir sua produção de forma sustentável.
Via Exame
