Papisa Joana realmente liderou a Igreja Católica em segredo?

Papisa Joana: a lenda da mulher que ascendeu ao papado! Descubra a verdade por trás da história e seus impactos na Igreja Medieval.
20/02/2025 às 17:34 | Atualizado há 6 meses
Papisa Joana
Papisa Joana

A história de Papisa Joana, uma lenda medieval fascinante, narra a ascensão de uma mulher ao papado, disfarçada de homem. Essa narrativa, difundida por séculos, mistura ambição, inteligência e os desafios enfrentados pelas mulheres na Idade Média. Embora hoje seja considerada uma lenda, a história da Papisa Joana revela aspectos culturais eclesiásticos da época.

A lenda da Papisa Joana ganhou popularidade na Idade Média, disseminada por diversos autores, e por muito tempo foi tida como verdadeira. No entanto, registros históricos indicam que essa narrativa surgiu séculos após os eventos que descreve. As versões da história variam, situando Joana como inglesa ou alemã e situando seu papado nos séculos IX ou XI. Apesar das divergências, todos os relatos convergem em um ponto central: uma mulher que se disfarçou de homem para ter acesso à educação e ascender na Igreja Católica.

Dessa forma, Joana teria viajado para a Grécia para estudar e, posteriormente, mudou-se para Roma, onde sua inteligência e capacidade lhe renderam destaque. Após a morte do Papa Leão IV, ela foi eleita como sua substituta, governando a Igreja por alguns anos sob o nome de Papa João. A história toma um rumo surpreendente quando, durante uma procissão em Roma, Joana dá à luz em público, revelando sua verdadeira identidade e pondo fim ao seu papado.

A narrativa da Papisa Joana se tornou tão difundida que ela chegou a figurar em listas oficiais de papas na Idade Média, além de ser retratada em pinturas e poemas. Durante a Reforma Protestante, a história foi utilizada como crítica à Igreja Católica, evidenciando a crença de que a instituição já havia sido liderada por uma mulher. Uma catedral na Itália chegou a construir um busto em sua homenagem no século XVI, em meio a várias outras estátuas de papas.

Atualmente, a maioria dos historiadores concorda que a Papisa Joana nunca existiu. Os relatos sobre sua vida são tardios e contraditórios, e fontes históricas da época não mencionam sua existência. Há também a hipótese de que o trecho sobre seu papado no livro de Martinus Polonus tenha sido uma adulteração posterior.

Apesar de sua natureza lendária, a história da Papisa Joana oferece importantes insights sobre a sociedade e a Igreja Medieval. Alguns historiadores acreditam que a lenda pode ter sido criada para difamar o Papa João VIII, considerado fraco por sua relação com os bizantinos. Outra hipótese é que a história surgiu como crítica à influência das mulheres na Igreja, possivelmente inspirada por figuras como Marózia, uma nobre romana que teria influenciado a eleição de vários papas.

A popularidade da lenda da Papisa Joana foi impulsionada por diferentes interesses ao longo da história. Facções internas da Igreja usaram a história para questionar a infalibilidade do papado. Durante a Reforma Protestante, os protestantes utilizaram a lenda como prova das falhas da Igreja Católica. No século XVII, a Igreja Católica começou a questionar a existência de Joana, removendo o busto em sua homenagem.

A história da Papisa Joana é um exemplo de como lendas podem revelar aspectos importantes da história e da cultura de uma época. A narrativa reflete as tensões de gênero, o poder e a política na Igreja Medieval, evidenciando como a história pode ser utilizada para diversos fins ao longo do tempo.

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.