A imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações de carne aos EUA, anunciada pelo então presidente Donald Trump, gerou uma paralisação no comércio entre os dois países. A medida soou um alerta entre frigoríficos e produtores brasileiros. Roberto Perosa, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), classificou a medida como “inviabilizadora”, detalhando os impactos econômicos e os riscos de prejuízos em contratos.
Após o anúncio da tarifa, as indústrias suspenderam a produção destinada aos Estados Unidos, impactando contratos que somam até US$ 160 milhões em perdas potenciais. Cerca de 30 mil toneladas de carne, já abatidas e processadas, aguardam nos portos, com a incerteza de sua entrada no mercado americano a partir de 1º de agosto.
A preocupação central reside nos contratos já firmados. A interpretação nos EUA é que a tarifa se aplica quando a carne chega ao país, não na data de embarque. Isso cria insegurança para as entregas, mesmo com documentos anteriores à nova regra.
Os lotes foram produzidos sob exigências específicas, com alto custo, para o padrão americano. Redirecioná-los a outros mercados geraria perdas diretas, sem espaço para compensação. Até junho de 2025, o Brasil exportou 200 mil toneladas de carne bovina para os EUA, com a expectativa de alcançar 400 mil toneladas no ano, superando as 229 mil de 2024. A demanda americana por cortes dianteiros para hambúrgueres crescia devido à baixa pecuária nos EUA e altos custos internos.
O mercado americano era emergente para o Brasil. Quando o rebanho local retraiu, os frigoríficos brasileiros tornaram-se os principais fornecedores de carne segura e competitiva. A ABIEC, junto ao Itamaraty e aos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, busca uma solução diplomática imediata. A prioridade é prorrogar a entrada em vigor da tarifa, garantindo o cumprimento dos contratos já assinados.
A indústria interrompeu a compra de gado para esse mercado, o volume diminui e o preço começa a ceder. As empresas discutem destinos alternativos, mas o redirecionamento enfrenta limitações logísticas, regulatórias e comerciais. Cada mercado tem suas próprias negociações, padrões sanitários e preços, e a carne produzida para os EUA nem sempre serve para outros destinos.
A carne para os EUA tem especificações rígidas e alto custo de produção. A ABIEC argumenta que a carne brasileira não compete com a produção local, mas compõe o blend do hambúrguer, barateando a carne americana e fortalecendo o setor de food service.
As empresas que suspenderam a produção de novos lotes destinados aos Estados Unidos já começaram a discutir alternativas de destino. No entanto, o redirecionamento dos lotes já prontos enfrenta limitações logísticas, regulatórias e comerciais. A carne exportada pelo Brasil aos Estados Unidos não compete com a produção local. Ela entra para compor o blend do hambúrguer, barateia a carne americana, fortalece o setor de food service e beneficia a classe média dos Estados Unidos.
Perosa acredita em uma solução diplomática, dado o comportamento de Trump de impor barreiras e depois recuar. O setor aguarda ansiosamente por sinais claros. Enquanto houver chance de negociação, estaremos na mesa. Mas a cada dia que passa, o prejuízo se materializa. Precisamos de resposta urgente.
Via Forbes Brasil