A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 15% sinaliza um período de cautela. Economistas apontam que essa escolha reflete preocupações com as incertezas econômicas, especialmente as tarifas impostas pelos EUA ao Brasil. O mercado de trabalho aquecido e as expectativas de inflação também influenciaram essa decisão, indicando que a política monetária permanecerá atenta ao cenário fiscal e global.
A manutenção da Selic nesse patamar considera as tarifas dos EUA, um fator que adiciona incerteza ao cenário econômico. Leonardo Costa, economista do ASA, destaca que essa medida reforça a necessidade de cautela, sem descartar a possibilidade de novas elevações nos juros caso a inflação local sofra pressão externa. Marcelo Bolzan, da The Hill Capital, complementa que o comitê está avaliando os desdobramentos dessas tarifas na economia brasileira.
O mercado de trabalho aquecido e as expectativas em relação à inflação de serviços também pesaram na decisão de manter a Selic inalterada. Raphael Vieira, da Arton Advisors, observa que o Banco Central tem usado a questão fiscal como um sinal ao Ministério da Fazenda para implementar uma política fiscal confiável. Essa comunicação constante busca alinhar as expectativas e garantir a estabilidade econômica.
A projeção do Copom para o primeiro trimestre de 2027 indica um IPCA de 3,4% no cenário de referência. Essa extensão do horizonte da política monetária mostra uma visão de longo prazo e um compromisso com a estabilidade da inflação. As expectativas para as próximas reuniões são de manutenção da Selic em 15%, com a possibilidade de ajustes caso ocorra pressão inflacionária.
Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, acredita que o ciclo de cortes na Selic pode começar em janeiro de 2026, ou até mesmo em dezembro. Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, avalia que os sinais de queda na inflação e o esfriamento da atividade econômica podem abrir espaço para uma flexibilização em dezembro deste ano. Roberto Padovani, do banco BV, pondera que a cautela do Banco Central pode manter a taxa básica nesse nível até o primeiro trimestre de 2026.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) defende a necessidade de conciliar o controle da inflação com o estímulo ao crescimento e à competitividade da indústria nacional. Para a FIEMG, é crucial que o Brasil adote uma política monetária equilibrada, considerando os sinais de desaceleração econômica e atuando de forma responsável para não prejudicar a economia real.
Via InfoMoney