Pesquisa revela que animais grandes têm câncer, desafiando o paradoxo de Peto

Animais grandes têm câncer? Estudo desafia o paradoxo de Peto e revela novas ligações entre tamanho, evolução e a doença. Descubra agora!
27/02/2025 às 15:40 | Atualizado há 3 meses
Animais grandes têm câncer
O paradoxo de Peto desafia a relação entre tamanho corporal e câncer na natureza. (Imagem/Reprodução: Super)

Um estudo recente da Universidade de Reading, no Reino Unido, revelou uma descoberta surpreendente sobre a relação entre o tamanho dos animais e a incidência de câncer. A pesquisa, que analisou dados de 263 espécies, desafia uma teoria existente, conhecida como o “paradoxo de Peto”, ao indicar que animais grandes têm câncer com maior frequência do que os menores. Essa reviravolta científica levanta novas questões sobre a evolução e os mecanismos de proteção contra o câncer no reino animal.

O estudo contradiz o paradoxo de Peto, que sugere que não há correlação direta entre o tamanho do corpo de uma espécie e sua suscetibilidade ao câncer. A lógica por trás desse paradoxo é que animais maiores possuem mais células e, portanto, deveriam ter um risco aumentado de mutações genéticas que levam ao desenvolvimento de tumores. No entanto, a nova pesquisa demonstra que, na natureza, essa relação parece existir, pelo menos entre os vertebrados terrestres analisados.

A equipe de pesquisa examinou dados abrangentes de 31 anfíbios, 79 aves, 90 mamíferos e 63 répteis, identificando uma ligação clara entre o tamanho corporal e a prevalência de câncer. Espécies maiores, como os elefantes, apresentaram taxas mais elevadas de tumores malignos em comparação com espécies menores. Essa constatação lança um novo olhar sobre a forma como o câncer se manifesta em diferentes organismos e como as estratégias evolutivas podem influenciar essa dinâmica.

Curiosamente, o estudo também revelou que algumas espécies que passaram por rápidos períodos de crescimento evolutivo desenvolveram mecanismos de defesa mais eficazes contra o câncer. Aparentemente, a evolução desempenha um papel crucial no desenvolvimento de sistemas de proteção contra tumores, especialmente em animais que atingiram tamanhos corporais maiores ao longo das gerações.

Os elefantes são um exemplo notável dessa adaptação. Apesar de seu tamanho imponente, eles exibem taxas de câncer surpreendentemente baixas, devido à presença de múltiplas cópias de um gene chamado TP53. Esse gene atua como um guardião do genoma, identificando e reparando trechos de DNA danificados, prevenindo o desenvolvimento de células cancerosas. Os seres humanos possuem apenas uma cópia desse gene, o que pode explicar, em parte, nossa maior suscetibilidade à doença.

Essa pesquisa inovadora desafia a crença generalizada no paradoxo de Peto e destaca a importância da evolução na proteção contra o câncer em animais de grande porte. Ao desenvolverem mecanismos de controle do crescimento celular, essas espécies conseguiram mitigar os riscos associados ao aumento do tamanho do corpo.

A pesquisa abre novas portas para a compreensão da complexa relação entre tamanho, evolução e câncer no reino animal. Ao revelar que animais grandes têm câncer com maior frequência, o estudo lança luz sobre a necessidade de investigar mais a fundo os mecanismos de defesa que permitem que algumas espécies gigantes resistam à doença. Esses conhecimentos podem, eventualmente, levar ao desenvolvimento de terapias inovadoras para combater o câncer em humanos.

Via Superinteressante

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.