A Alimentação no Brasil reflete um cenário de intensas transformações culturais e comportamentais, atuando como um espelho das mudanças na sociedade contemporânea. Um estudo da FutureBrand São Paulo, intitulado “Tá Quente Brasil”, revela que os hábitos alimentares expressam as contradições da sociedade, onde a comida desempenha um papel central na estética, identidade social e busca por bem-estar. A pesquisa completa será lançada em agosto, após sua apresentação na Naturaltech 2025.
Um dos destaques é o aumento no consumo de pistache, que se tornou um símbolo de desejo. Em 2024, o consumo do fruto aumentou 80%, com a entrada de mais de mil toneladas no país, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). A cor e o sabor do pistache influenciam diversos setores, como confeitaria, bebidas, cosméticos e vestuário, ditando tendências visuais.
O estudo também destaca o crescimento do mukbang, formato de vídeo criado na Coreia do Sul, onde influenciadores consomem grandes quantidades de comida diante das câmeras. No TikTok, a hashtag #mukbang já ultrapassou 5,5 milhões de vídeos, atraindo diversas audiências. Essa “estética da fartura” reforça o papel do alimento como entretenimento visual e ferramenta de engajamento digital.
Simultaneamente, observa-se um crescente interesse por práticas de controle alimentar e estratégias de emagrecimento. A “cultura do shape & shake” envolve comportamentos focados no resultado físico e no controle do corpo. Em 2024, as buscas por medicamentos como o Ozempic aumentaram 300%, conforme dados da plataforma DrFirst. Essa busca por performance coexiste com o consumo de conteúdos que exaltam o exagero alimentar.
A alimentação funcional também ganha destaque, com produtos como cervejas com adição de proteína e sopas com melatonina. Essa mudança reflete a expectativa de que a comida cumpra objetivos relacionados à saúde e ao rendimento físico, indo além do sabor.
O setor de food service também acompanha esse panorama, com um crescimento de 19% em faturamento e 12% no número de unidades, de acordo com a Pesquisa Setorial de Food Service 2024. A valorização da cultura regional impulsiona o lançamento de produtos com identidade local, como refrigerante de caju, sorvete de paçoca e macarrão instantâneo com sabores adaptados às preferências das regiões Norte e Nordeste.
O engajamento digital com temas relacionados à comida também é expressivo. Uma pesquisa da Croma Consultoria indica que 34% dos brasileiros acompanham perfis de culinária nas redes sociais, com destaque para a geração X. Essa tendência reforça o uso da alimentação como forma de pertencimento, atualização comportamental e conexão com o presente.
Os resultados da pesquisa revelam um cenário fragmentado, onde práticas opostas e narrativas conflitantes coexistem. O alimento assume múltiplas funções, representando prazer, status, cuidado pessoal e gerando conteúdo. As marcas que atuam no segmento devem considerar os diferentes significados atribuídos ao consumo.
Esse estudo demonstra que a Alimentação no Brasil é um reflexo das complexidades da sociedade, oscilando entre a busca por prazer e a obsessão por desempenho. As empresas do setor alimentício precisam estar atentas a essas tendências para atender às demandas de um mercado em constante transformação.
Via Startupi