Pesquisadores brasileiros analisam fósseis dentários para entender ancestrais humanos

Estudo brasileiro investiga dentes fósseis de 1,8 milhão de anos para revelar a evolução humana fora da África.
06/12/2025 às 08:02 | Atualizado há 4 horas
               
Dentes para desvendar ancestrais
USP estuda dentição de hominínios georgianos com classificação incerta. (Imagem/Reprodução: Redir)

Pesquisadores da USP realizaram um estudo pioneiro analisando dentes de fósseis humanos encontrados em Dmanisi, Geórgia, datados de 1,8 milhão de anos. A pesquisa busca entender a evolução humana fora do continente africano por meio dessas evidências dentárias.

O grupo investigou diferenças no tamanho e formato dos dentes que podem indicar a existência de duas espécies distintas ou o dimorfismo sexual. Os resultados sugerem características tanto do Homo erectus quanto de espécies mais antigas, como os australopitecos.

Essa descoberta amplia o conhecimento sobre a dispersão humana e ressalta a importância dos fósseis dentários para reconstruir a história evolutiva, apesar da escassez de evidências fósseis e debate científico contínuo.

Pesquisadores brasileiros da USP realizaram uma análise inédita focada em dentes para desvendar ancestrais humanos encontrados em Dmanisi, Geórgia. Os fósseis, datados de 1,8 milhão de anos, são cruciais para compreender a evolução humana fora da África. O estudo examina a dentição desses hominínios, cuja classificação tem sido controversa devido às diferenças marcantes em tamanho e formato entre os exemplares encontrados.

Tradicionalmente, esses fósseis são atribuídos ao Homo erectus, porém as variações anatômicas observadas levantam a possibilidade de terem existido duas espécies distintas, chamadas de Homo georgicus e Homo caucasi. Outra hipótese considera o dimorfismo sexual como explicação para a diversidade entre indivíduos.

O grupo liderado por Victor Nery, Walter Neves e Leticia Valota utilizou medidas da coroa dentária para comparar os hominínios de Dmanisi com outras espécies fósseis. Os resultados sugerem que enquanto alguns se encaixam dentro do gênero Homo, pelo menos um indivíduo apresenta características próximas dos australopitecos, considerados mais primitivos e anteriormente restritos à África.

Esses dados apontam para uma expansão da linhagem humana anterior ao Homo erectus, reforçando estudos desenvolvidos com ferramentas de pedra encontradas na Jordânia. Porém, a falta de fósseis suficientes mantém o debate aberto e demonstra que a história da dispersão humana é mais complexa do que se imaginava.

O trabalho brasileiro contribui para um campo marcado pela escassez de evidências e intensa competição científica e destaca a importância dos fósseis dentários como pistas importantes para desvendar a trajetória dos primeiros humanos fora da África.

Via Folha de S.Paulo

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