Petróleo: Traders se preparam para alta com tensão no Irã

Aumentos nas cotações do petróleo são esperados devido a ataques no Irã que ameaçam a oferta global.
15/06/2025 às 15:47 | Atualizado há 1 mês
Preço do petróleo
Mercado aguarda impactos nas exportações de óleo e gás após recentes ataques. (Imagem/Reprodução: Investnews)

Após os recentes ataques israelenses a instalações de energia no Irã, o mercado de petróleo se prepara para possíveis altas nos preços. A ação, que atingiu uma unidade de processamento de gás natural ligada ao campo de South Pars, o maior do Irã, elevou as preocupações sobre a estabilidade do fornecimento de petróleo no Oriente Médio. Analistas e traders do setor estão atentos, antecipando novas turbulências no mercado global.

O ataque israelense, embora focado no sistema energético doméstico iraniano e não nas exportações, já causou reflexos no mercado. Na sexta-feira, os preços do petróleo registraram a maior alta em três anos, sinalizando a sensibilidade do mercado a eventos geopolíticos na região. O Irã, apesar das sanções dos EUA, é o terceiro maior produtor da Opep, tornando qualquer instabilidade em sua produção um fator de grande impacto global.

Os aliados do Irã no Iêmen, os rebeldes Houthis, têm intensificado os ataques a navios na região, aumentando ainda mais a tensão. Teerã já ameaçou fechar o Estreito de Hormuz, um ponto crucial para o transporte de petróleo no Golfo Pérsico. Embora o Irã nunca tenha efetivamente bloqueado esse estreito, a ameaça paira como um risco constante.

Bob McNally, da Rapidan Energy Advisers LLC, prevê que a escalada do conflito e a expansão para alvos econômicos adicionarão um prêmio de risco ao preço do petróleo no início desta semana. O contrato futuro do petróleo WTI já subiu 14% na sexta-feira, fechando perto de US$ 73 o barril.

O JPMorgan Chase & Co. alerta que um fechamento do Estreito de Hormuz poderia impulsionar os preços internacionais para até US$ 130 por barril, intensificando a pressão inflacionária global. O ataque de sábado resultou em uma explosão e incêndio na planta de processamento de gás, forçando a paralisação de uma plataforma de produção em South Pars, segundo a agência Tasnim.

Richard Bronze, da Energy Aspects Ltd., levanta dúvidas sobre se Israel continuará a mirar outras infraestruturas energéticas iranianas, sugerindo um ciclo de escalada. Helima Croft, da RBC Capital Markets LLC, aponta que, em caso de impacto no fornecimento de petróleo, o presidente Donald Trump provavelmente solicitará que a Opep+ utilize sua capacidade ociosa de produção.

A capacidade da Opep em compensar uma interrupção prolongada da produção iraniana, que gira em torno de 3,4 milhões de barris por dia, é incerta. Uma tentativa nesse sentido poderia expor a infraestrutura energética da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos a novos ataques. Clay Seigle, do Center for Strategic and International Studies, observa que seria politicamente delicado para esses países se beneficiarem da situação às custas do Irã.

A Agência Internacional de Energia (IEA), sediada em Paris, assegura que os mercados globais de petróleo estão bem abastecidos, com a queda na demanda e o aumento da produção da Opep+. A agência se declara preparada para liberar estoques emergenciais, se necessário. No domingo, o ex-presidente Trump expressou no Truth Social que os dois países em conflito “deveriam e vão” fechar um acordo de paz, demonstrando sua preocupação com a alta nos preços do petróleo.

Vandana Hari, da Vanda Insights, pondera que os temores em torno do Estreito de Hormuz podem estar sendo exagerados, já que um bloqueio prejudicaria a própria rota de exportação do Irã e alienaria seu maior cliente, a China. Hari conclui que o Irã nunca bloqueou o canal, apesar das ameaças, e não espera que o faça agora.

A situação permanece instável, com o mercado de petróleo global em alerta máximo. Os próximos dias serão cruciais para determinar se a escalada do conflito impactará significativamente a produção e o preço do petróleo, ou se as tensões diminuirão.

Via InvestNews

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.