O aumento da alíquota do IOF, segundo análises de banqueiros e investidores ouvidos pela EXAME, gerou um impacto imediato na gestão do governo Lula. A medida desencadeou tensões internas entre as alas política e econômica, representadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
A recente elevação das taxas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) trouxe à tona divergências dentro do governo. A Casa Civil alegou ter recebido o decreto presidencial em cima da hora, com tempo insuficiente para análise. Em contrapartida, a equipe econômica afirma ter enviado os detalhes com antecedência.
Este cenário de desentendimento entre as equipes de Haddad e Costa apenas reforça a percepção de uma falta de alinhamento estratégico dentro do governo. O episódio expõe uma crise de comunicação e coordenação que pode comprometer a eficácia das políticas econômicas.
Além das tensões internas, o aumento da alíquota do IOF provocou atritos com o Congresso Nacional. Haddad causou desconforto ao declarar que o equilíbrio fiscal dependia mais dos parlamentares do que do governo. A resposta veio do presidente da Câmara, Hugo Motta, que defendeu menos gastos e menos impostos.
No Congresso, projetos de decreto legislativo buscam derrubar o aumento da alíquota do IOF. Bancadas do PL, Republicanos e União Brasil já sinalizaram voto contra a medida. A equipe econômica, em contrapartida, ameaça aumentar o contingenciamento de emendas parlamentares caso o decreto seja derrubado.
O aumento da alíquota do IOF também pode afetar a popularidade do presidente Lula entre a classe média. Viajar ao exterior ficou mais caro, impactando gastos com cartões de crédito, compra de moeda estrangeira e remessas. Até mesmo o ministro da Secom, Sidônio Palmeira, manifestou preocupação com a divulgação da medida.
A credibilidade da equipe econômica também foi abalada. O ministro Haddad recuou do aumento da tributação de fundos de investimento, mas o mercado financeiro já reagiu negativamente. Analistas, banqueiros e investidores questionam a estratégia do governo, que parece priorizar o aumento da arrecadação em vez do corte de gastos.
Diante das críticas e da pressão do setor financeiro, o Ministério da Fazenda busca alternativas ao aumento da alíquota do IOF para impulsionar a arrecadação. O futuro da política fiscal do governo ainda é incerto, mas as consequências do aumento do IOF já se fazem sentir em diversas áreas.
Via Exame