Queda da inflação pode antecipar cortes de juros pelo Copom

Com a inflação em baixa, analistas apontam que o Copom poderá iniciar cortes de juros antes de atingir a meta estabelecida.
30/07/2025 às 21:22 | Atualizado há 2 dias
Cortes na Selic
Copom anuncia novas medidas para ajustar a política monetária e conter a inflação. (Imagem/Reprodução: Moneytimes)

O Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou, em seu mais recente comunicado, uma possível antecipação nos Cortes na Selic, motivada por projeções de inflação mais favoráveis para 2027. Essa perspectiva foi destacada por Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus Research, após a decisão do Copom de manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. A análise aponta que o Banco Central pode iniciar o ciclo de afrouxamento monetário antes que a inflação atinja a meta de 3% ao ano.

Para Miranda, o Banco Central (BC) demonstra cautela ao indicar que os Cortes na Selic ocorrerão, provavelmente, apenas em 2026. O Copom apresentou, pela primeira vez, uma projeção para a inflação no primeiro trimestre de 2027, estimando um IPCA de 3,4% em 12 meses. Essa projeção, combinada com a anterior de 3,6% para o quarto trimestre de 2026, sugere uma trajetória descendente da inflação, o que poderia influenciar a política monetária.

Miranda discorda da postura do Banco Central em manter os juros elevados por um período prolongado. Ele não descarta a possibilidade de Cortes na Selic ainda este ano, caso ocorra uma desaceleração econômica semelhante à observada em dezembro de 2024, com câmbio estável, inflação controlada e atividade doméstica mais fraca. Essa combinação de fatores poderia antecipar o cronograma previsto pelo BC.

O comunicado do Banco Central também enfatizou os riscos decorrentes da política tarifária implementada por Donald Trump. Miranda avalia que o adiamento da entrada em vigor das tarifas, juntamente com uma lista de exceções, representa uma melhora no cenário. Anteriormente, havia grande incerteza sobre a taxação de diversos produtos, o que poderia gerar retaliações e tensões diplomáticas. Atualmente, as tarifas mais elevadas se restringem a produtos como café e carne.

Miranda acredita que o BC poderia sinalizar um cenário mais otimista para a inflação, considerando que as restrições às exportações de alimentos para os EUA poderiam aumentar a oferta doméstica. No entanto, a autoridade monetária optou por uma postura mais conservadora, justificando que, em um contexto de incertezas internacionais, é prudente adotar cautela, mesmo com juros já elevados.

No cenário externo, Miranda destaca a importância do Federal Reserve (Fed) como um fator crucial para a antecipação dos Cortes na Selic. Caso o banco central dos Estados Unidos inicie o ciclo de redução de juros ainda neste semestre, o ambiente para países emergentes tende a melhorar, diminuindo a pressão sobre o câmbio.

Miranda ressalta que o governo brasileiro precisa implementar medidas para que o BC possa reduzir os juros de forma consistente. A confiança no controle fiscal é fundamental, pois frustrações na arrecadação ou aumento de despesas podem pressionar as expectativas de inflação via câmbio. A dívida bruta elevada e a falta de avanço em reformas tornam o ambiente mais sensível.

O calendário eleitoral também exerce influência sobre a estratégia do Copom. O objetivo é atravessar 2025 com credibilidade reforçada, para que, em 2026, ano de eleições presidenciais, a política monetária esteja protegida contra pressões políticas. Qualquer corte prematuro em um ambiente de incerteza pode ser interpretado como leniência com a inflação.

No contexto eleitoral, Miranda considera prematuro avaliar o impacto do aumento da popularidade do presidente Lula após a confirmação das tarifas impostas por Trump. As pesquisas indicam que o bolsonarismo perdeu mais espaço do que Lula ganhou, o que pode abrir caminho para um candidato de centro-direita, como Tarcísio de Freitas ou Ratinho Jr.

Via Money Times

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.