Recuperações judiciais crescem no agronegócio enquanto juros altos pressionam empresas brasileiras

Recuperações judiciais no agronegócio aumentam 67% em um ano devido a juros altos e dificuldades no crédito.
24/12/2025 às 08:01 | Atualizado há 4 horas
               
Número de companhias nessa situação cresceu 19,8% em relação a 2024. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Até o terceiro trimestre de 2025, o Brasil registrou um aumento significativo nas recuperações judiciais, com mais de 5 mil empresas em situação. O comércio lidera em números absolutos, mas o agronegócio apresenta o maior crescimento, de 67% em um ano, refletindo desafios como crédito limitado e condições climáticas adversas.

O índice indica que 12,63 empresas a cada mil no setor agropecuário estão em recuperação, totalizando 443 casos. Além disso, outros setores como indústria e construção também mostraram crescimento nas recuperações judiciais.

A alta da taxa Selic, mantida em 15%, dificulta ainda mais o acesso ao crédito para as empresas. Juros elevados, câmbio desfavorável e tarifas exportadoras ampliam a pressão financeira, impactando especialmente o agronegócio.

Até o terceiro trimestre de 2025, o Brasil tinha mais de 5 mil empresas em recuperação judicial, aumento de quase 20% frente a 2024. O setor de comércio lidera em número absoluto, com 1.207 casos, mas é o agronegócio que registra o maior crescimento, de 67% em um ano, exibindo uma vulnerabilidade maior diante de desafios como crédito limitado, clima adverso e flutuações de preços.

O Índice de Recuperação Judicial (IRJ) da RGF indica que, no agronegócio, 12,63 empresas a cada mil estão em situação de recuperação. Foram registradas 443 recuperações judiciais no setor agropecuário, considerando mais de 2 milhões de matrizes empresariais ativas, excluindo microempresas e filiais.

Outros setores também apresentam crescimento, com a indústria registrando 1.168 casos, alta de 4,2% em relação ao trimestre anterior, enquanto construção, energia e saneamento somam 1.104 processos, com aumento de 3,2%.

A alta da taxa Selic, mantida em 15% pelo Banco Central, e a expectativa de que fique em 12,25% em 2026, mantém o crédito corporativo restrito. Juros altos e aversão ao risco dificultam o acesso ao crédito para reestruturação, agravado por um cenário externo conturbado, câmbio elevado e tarifas sobre exportações.

Casos recentes de recuperação judicial no ano incluem a Bombril e a Ambipar, que enfrenta dívidas superiores a R$ 10 bilhões, ilustrando os efeitos da restrição financeira e operações de crédito complexas.

O ambiente permanece desafiador para as empresas, especialmente para o agronegócio, que concentra um crescimento expressivo nas recuperações judiciais, resultado do contexto econômico e das dificuldades estruturais atuais.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.