O governador Renato Casagrande (PSB) concluiu a Reforma secretariado Casagrande, prevista para o segundo biênio de sua terceira gestão no Palácio Anchieta. Embora ajustes pontuais ainda sejam possíveis, mudanças em cinco secretarias foram confirmadas por razões políticas.
A Secretaria da Saúde (Sesa) teve Miguel Duarte substituído por Tyago Hoffmann (PSB). Na Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), Marcus Vicente (PP) cedeu lugar a Marcos Aurélio (PP). Ricardo Ferraço (MDB) deixará a Secretaria de Desenvolvimento (Sedes) para Sergio Vidigal (PDT) assumir. Na Secretaria de Turismo (Setur), Victor Coelho (PSB) substitui Philipe Lemos (PDT). Por fim, na Secretaria de Recuperação do Rio Doce (Serd), Guerino Balestrassi (MDB) assume a vaga de Ricardo Iannotti (PSB).
Inicialmente, esperavam-se mudanças em seis pastas, mas o Podemos desistiu de indicar um substituto após o deputado federal Gilson Daniel, presidente do partido, ter sua indicação vetada. A razão foi a suplência que se abriria na Câmara Federal para o ex-secretário de Segurança, Coronel Ramalho, hoje opositor ao governo.
Apesar de afetar apenas cinco secretarias de um total de 26, as mudanças são significativas. Não se tratam apenas de acomodar aliados que perderam eleições ou deixaram o poder. A estratégia do governo mira as eleições de 2026. A escolha das pastas e dos secretários visa o “plano A”: eleger Casagrande ao Senado e Ricardo Ferraço ao governo.
As cinco secretarias afetadas administram orçamentos vultosos e obras relevantes. A Sesa, por exemplo, dispõe de R$ 4,7 bilhões em 2025, incluindo a construção do Hospital Geral de Cariacica. A Sedurb gerencia mais de R$ 400 milhões em projetos de saneamento e habitação na Grande Vitória. A Serd administrará os R$ 14,8 bilhões recebidos em 20 anos pelo acordo da Tragédia de Mariana. Recursos expressivos que resultam em visibilidade para o governo e seus secretários.
A nomeação de três ex-prefeitos também chama atenção. Sergio Vidigal, ex-prefeito da Serra, assumirá a Sedes. Sua alta aprovação e sucesso na eleição do sucessor o credenciaram para o cargo, aumentando sua visibilidade política para futuras disputas. Victor Coelho (PSB) e Guerino Balestrassi (MDB), ex-prefeitos de Cachoeiro e Colatina, respectivamente, também assumem pastas estratégicas, fortalecendo a influência do governo nesses municípios.
A Reforma secretariado Casagrande impacta diretamente a formação da chapa para as eleições de deputado federal de 2026. A expectativa é de baixa competitividade, com fusões e federações entre partidos. Pelo menos dois novos secretários do PSB, Tyago e Victor, pretendem concorrer à Câmara Federal. O destaque em secretarias importantes gera visibilidade, crucial para campanhas eleitorais. A reforma fortalece o PSB e facilita o trabalho de seu presidente estadual.
A indicação de Marcos Aurélio (PP) para a Sedurb fortalece a aliança com o PP. Esta aproximação garante o apoio do partido para o projeto de governo em 2026, diminuindo a influência do partido na aliança com Lorenzo Pazolini, outro possível candidato ao governo. O Podemos, apesar de sondado, não recebeu indicação, permanecendo na base aliada.
Por fim, a saída de Ricardo Ferraço da Sedes permite que ele se dedique integralmente à campanha para o governo do Estado em 2026. Com mais tempo e recursos para ações políticas, sua participação em eventos e nas redes sociais se intensificou, demonstrando foco no “plano A”. Embora haja um “plano B”, as ações do governo demonstram total apoio à candidatura de Ferraço.
Via Folha Vitória