Um novo relatório expõe a grande escala da lavagem de dinheiro no sistema financeiro global. A BioCatch, especialista em detecção de fraudes digitais, identificou quase 2 milhões de contas ligadas a esse crime em 2024. Estas contas foram relatadas por 257 instituições financeiras em 21 países, distribuídos em cinco continentes. A BioCatch utiliza ferramentas de monitoramento e prevenção para detectar essas atividades.
Tom Peacock, Diretor de Inteligência Global de Fraudes da BioCatch, afirmou que os 2 milhões de contas são apenas uma pequena parte do problema. Muitas outras contas, ativas ou inativas, podem existir nas 44 mil instituições financeiras globais de 2024. Ele usou a expressão “ponta do iceberg” para ilustrar a situação.
O relatório “Global money mule networks: Using behavioral and device intelligence to shine a light on money laundering” analisa como o crime organizado usa contas ilegais para lavar dinheiro. Ele detalha os perfis de “laranjas” e suas operações em redes complexas de lavagem de dinheiro.
No Brasil, o relatório indica que há discussões sobre o compartilhamento de dados entre bancos para combater contas de laranjas. Isso pode aumentar a detecção e o controle dessas contas nos próximos anos. Cassiano Cavalcanti, Diretor de Pré-Vendas LATAM da BioCatch, destacou a ausência de penalizações no Brasil para contas laranjas como um fator que facilita a lavagem de dinheiro. Ele argumentou que a falta de penalidades torna o uso dessas contas financeiramente vantajoso e fomenta crimes mais graves.
Cavalcanti defendeu a implementação urgente de medidas punitivas no Brasil. Em alguns países, as instituições financeiras arcam com metade das perdas por fraudes, o que incentiva a prevenção. O Relatório Global de Crimes Financeiros 2024 da NASDAQ estima que US$ 3,1 trilhões em fundos ilícitos circularam pelo sistema financeiro global em 2024.
O relatório destaca a vulnerabilidade de jovens ao recrutamento como laranjas. No Reino Unido, quase dois terços dos laranjas têm menos de 30 anos. Nos EUA, a faixa etária mais comum é de 25 a 35 anos. Muitos são atraídos pela promessa de “renda extra”, sem conhecer as pesadas consequências. Nos EUA, a pena média por lavagem de dinheiro é de 71 meses de prisão; no Reino Unido, 14 anos; e na Austrália, de 12 meses à prisão perpétua.
Aliciar laranjas é barato. Na Austrália, gangues pagam apenas 500 dólares australianos pelo uso de contas bancárias. A lavagem de dinheiro continua em ascensão. Nos EUA, houve um aumento de 14% nos casos entre 2019 e 2023, devido à maior atenção ao crime, melhorias na detecção e aumento da prática criminosa. O relatório da BioCatch reforça a necessidade de estratégias mais eficazes para combater a lavagem de dinheiro globalmente.
Via TI Inside