Um relatório da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) revelou indícios de uma possível aliança entre as duas maiores facções criminosas do Brasil, o CV (Comando Vermelho) e o PCC (Primeiro Comando da Capital), indicando um Pacto CV e PCC de não agressão. O objetivo principal dessa união seria coordenar ações para pressionar o governo a flexibilizar as regras do sistema penitenciário federal.
As facções buscam a retomada das visitas com contato físico, incluindo as visitas íntimas, entre os detentos e seus familiares. Josimar Pires, vice-presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Estado da Justiça, Cidadania, Direitos Humanos e Administração Penitenciária (Consej), afirmou que essa possível aliança não teve reflexos significativos e não deve impactar a situação nos presídios estaduais.
Pires acredita que essa movimentação das facções é uma estratégia para chamar a atenção para suas reivindicações. Ele enfatizou a importância de continuar monitorando e isolando essas organizações no sistema federal para garantir a segurança. Segundo o secretário, na maioria dos estados, as facções já não estão separadas por unidades prisionais, e o controle sobre elas permanece mantido, minimizando o impacto desse acordo nos presídios estaduais.
O relatório da Senappen foi elaborado a partir de conversas gravadas nos parlatórios entre advogados e presos, com autorização judicial. A informação foi inicialmente divulgada pelo portal *Metrópoles* e confirmada pela reportagem. Líderes de alto escalão das facções, como Marcola, chefe máximo do PCC, e Marcinho VP, um dos principais nomes do CV, estariam coordenando essas ações conjuntas.
Mensagens trocadas entre membros do PCC e do CV sugerem o possível Pacto CV e PCC de não agressão. Em uma das mensagens, atribuída ao PCC, há uma orientação para que as mortes sejam proibidas em todo o país. A iniciativa das duas maiores facções do país visa fortalecer suas demandas junto ao sistema prisional federal, onde cumprem pena sob o regime disciplinar diferenciado.
No sistema prisional federal, cada detento permanece em uma cela individual e tem direito a apenas duas horas diárias de banho de sol. As visitas de advogados e familiares acontecem semanalmente nos parlatórios, espaços reservados para conversas privadas, onde geralmente há uma divisória de vidro, impedindo qualquer contato físico. As regras são mais rígidas para dificultar a comunicação e enfraquecer a influência dos presos sobre suas organizações criminosas, uma medida que o possível Pacto CV e PCC busca alterar.
Diante deste cenário, a Secretaria Nacional de Políticas Penais mantém-se vigilante, monitorando de perto os desdobramentos dessa possível aliança e reafirmando o compromisso com a segurança e a ordem no sistema prisional federal.