A Viveo enfrenta uma fase de recuperação após integrar 26 aquisições entre 2017 e 2023, que ampliaram sua receita, mas trouxeram desafios operacionais e financeiros. A queda no EBITDA e aumento da alavancagem obrigaram a empresa a renegociar suas dívidas e rever contratos.
Os resultados recentes mostram avanço na margem bruta, que subiu de 13,2% para 14,7%, e a margem EBITDA melhorou para 6,1%. A geração de caixa livre foi de R$ 167 milhões, permitindo redução do endividamento e queda da alavancagem para 4,17x.
A empresa foca agora na rentabilidade, renegociando contratos e eliminando negócios pouco lucrativos. A expectativa é de crescimento nas vendas para hospitais e clínicas, o que pode melhorar ainda mais os resultados no próximo trimestre.
Após um período de notável expansão, impulsionado por 26 aquisições que multiplicaram a receita da empresa em 6,5 vezes entre 2017 e 2023, a Viveo enfrentou desafios significativos. A distribuidora de medicamentos e materiais hospitalares, com a família Bueno como principal acionista, lutou para integrar as diversas empresas adquiridas, resultando em queda do EBITDA e aumento da alavancagem.
A margem EBITDA atingiu um ponto baixo histórico de 5,2% no terceiro trimestre do ano anterior, elevando a alavancagem para 4,5x. Essa situação forçou o CEO, Leonardo Byrro, a renegociar com os credores para expandir os covenants das dívidas de 3,5x para 5x. Contudo, sinais de recuperação já são visíveis.
Os resultados mais recentes da Viveo revelam a melhor margem bruta dos últimos dois anos, saltando de 13,2% para 14,7% em um ano. Este é um avanço considerável em um setor conhecido por suas margens apertadas. Adicionalmente, as despesas operacionais cresceram apenas 1,8% no mesmo período, mantendo-se abaixo da taxa de inflação.
Essa combinação de fatores resultou em uma expansão de 0,9 ponto percentual na margem EBITDA, que evoluiu de 5,2% para 6,1%. A empresa também demonstrou uma geração de caixa livre de R$ 167 milhões no período, permitindo reduzir seu endividamento em aproximadamente R$ 50 milhões, com a alavancagem caindo para 4,17x.
O CEO Leonardo Byrro declarou que espera um quarto trimestre ainda mais robusto, impulsionado pela retomada do crescimento das vendas para hospitais e clínicas, o que deve gerar forte alavancagem operacional. Outubro já apresentou resultados promissores.
Os obstáculos enfrentados pela Viveo resultaram de uma combinação de fatores micro e macroeconômicos. Internamente, a empresa enfrentou dificuldades na integração das empresas adquiridas entre 2017 e 2023, o que levou a uma queda no nível de serviço, desequilíbrio do capital de giro e extensão dos prazos de recebimento devido a contratos com margens e ROIC inadequados.
Externamente, o setor de saúde passou por um período complicado após a pandemia, com operadoras estendendo os prazos de pagamento para hospitais e clínicas, que, por sua vez, aumentaram os prazos de pagamento a fornecedores como a Viveo. Atualmente, a empresa opera em três frentes de negócios.
A Viveo atua como distribuidora de medicamentos e materiais, responsável por 83% do faturamento e 60% do lucro bruto. Além disso, a empresa fabrica produtos como algodão, esparadrapos e curativos sob a marca Cremer e oferece serviços como a manipulação de medicamentos.
Durante o processo de integração, a Viveo enfrentou dificuldades operacionais e falta de visibilidade de alguns indicadores, o que resultou em contratos com retornos abaixo do esperado. Esses contratos apresentavam margens muito baixas e ciclos de caixa desfavoráveis, com prazos de recebimento longos, consumindo o caixa da empresa.
Para superar esses desafios, a Viveo adotou uma estratégia focada em priorizar a rentabilidade em vez do crescimento a qualquer custo. A empresa renegociou todos os contratos deficitários, obtendo sucesso na redução dos prazos em 30% a 40% com alguns clientes, enquanto outros optaram por buscar outros fornecedores.
Além disso, a Viveo descontinuou negócios de baixa rentabilidade, como a fabricação de fraldas descartáveis, que apresentava alto volume de vendas, mas margens reduzidas e custos de serviço elevados. Essas medidas resultaram em uma queda de 8% no faturamento do terceiro trimestre.
Embora o Turnaround da Viveo esteja começando a se refletir nos números, suas ações ainda não reagiram de forma significativa. Os papéis da empresa acumulam queda de 32% desde o início do ano e 42% nos últimos 12 meses, resultando em um valor de mercado de apenas R$ 432 milhões na Bolsa.
Essa queda atraiu novos investidores para a estrutura de capital da Viveo, incluindo a Perea Capital, uma gestora de Houston que adquiriu 10% da empresa nos últimos meses. O fundador da Perea, Omar Musa, ressaltou que a gestão está focada no turnaround, priorizando o retorno sobre o capital em vez do crescimento desenfreado.
A Perea Capital acredita no potencial do Brasil como um mercado atrativo para investidores de longo prazo. Eles acreditam que o ambiente político e macroeconômico do país oferece oportunidades únicas para aqueles que focam no valor intrínseco das empresas, ignorando o ruído macroeconômico.
O maior acionista da Viveo é a DNA Capital, um veículo da família Bueno, que detém aproximadamente 40% do capital. A Dynamo e o GIC, que entraram no IPO, ainda mantêm cerca de 9% do capital cada.
Espera-se que a Viveo continue focada na otimização de suas operações e na melhoria de sua rentabilidade, buscando consolidar seu turnaround e atrair mais investidores para seus papéis. As ações tomadas pela empresa podem gerar valor no longo prazo.
Via Brazil Journal