Andrew Kassoy, um visionário que trocou o mundo do *private equity* para impulsionar uma mudança global na maneira como vemos o capitalismo, faleceu em 22 de junho em Nova York, aos 55 anos, após uma batalha de dois anos e meio contra o câncer de próstata. Sua trajetória inspira a reimaginar o capitalismo como um motor para o bem-estar social, em vez de apenas para o lucro.
Kassoy acreditava que o capitalismo, em sua forma tradicional, muitas vezes negligencia o cuidado com os trabalhadores, a comunidade e o planeta. Em vez disso, ele defendia um modelo onde o propósito e o lucro caminhassem juntos. Essa visão o levou a cofundar a B Lab em 2006, uma organização sem fins lucrativos que certifica as B Corps, empresas que atendem a rigorosos padrões de impacto social e ambiental.
A B Lab avalia empresas em diversas áreas, desde salários e condições de trabalho até ética no marketing e impacto ambiental. Atualmente, quase 10.000 empresas em mais de 100 países são certificadas como B Corps, incluindo marcas como Patagonia, Danone Yogurt e Ben & Jerry’s. A iniciativa de Kassoy também influenciou a criação das *public benefit corporations*, que legalmente consideram o bem público em suas decisões.
Em uma entrevista de 2020, Kassoy refletiu sobre o aniversário de um artigo de Milton Friedman que defendia que a responsabilidade social das empresas era aumentar os lucros. Kassoy argumentava que essa visão, embora influente, falhou em promover a sustentabilidade e que era hora de reimaginar o capitalismo para envolver as novas gerações que não acreditam no modelo atual.
Nascido em 1969, Kassoy foi influenciado por seu avô, que promovia parcerias público-privadas para a formação profissional de estudantes. Essa visão de que os sistemas poderiam ser sempre aprimorados o acompanhou ao longo da vida. Durante seus estudos em Stanford, Kassoy trabalhou na Reserva Indígena de Pine Ridge, onde testemunhou desigualdades que o marcaram profundamente.
Antes de se dedicar à B Lab, Kassoy trabalhou por 16 anos no *private equity*. Após os ataques de 11 de setembro, ele reavaliou sua carreira e sentiu que Wall Street estava focada demais em ganhos rápidos, sem se importar com o impacto nas pessoas. Ele acreditava que era possível administrar o capitalismo de forma mais justa, beneficiando a sociedade como um todo.
Mesmo após deixar a B Lab em 2022, Kassoy continuou ativo, escrevendo sobre temas como a OpenAI e atuando como consultor em uma *holding* focada em aquisições de longo prazo. Sua vida foi marcada pela busca de um capitalismo mais consciente e pela crença de que, ao agir, podemos encontrar um propósito maior.
Kassoy deixa sua esposa, filhos, pais e irmã, além de um legado de transformação no mundo dos negócios. Sua mensagem final, expressa em um vídeo de 2021, ressoa como um chamado à ação: diante dos enormes desafios que enfrentamos, como as mudanças climáticas, a resposta é simples: “Faça algo”.
Via Brazil Journal
