Roberto Campos Neto alerta sobre arcabouço fiscal para investidores

Ex-presidente do Banco Central fala sobre a falta de clareza do modelo fiscal e seus impactos sobre investidores estrangeiros.
25/08/2025 às 21:41 | Atualizado há 4 horas
Arcabouço fiscal
Grandes investidores focam na trajetória da dívida nos próximos anos, não só no presente. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, levantou questões sobre a clareza do arcabouço fiscal durante o Seminário Brasil 2025. Ele manifestou preocupações com a complexidade do modelo fiscal e os riscos que isso representa para investidores estrangeiros. Campos Neto destacou a necessidade de um debate claro sobre a trajetória da dívida pública e a estratégia fiscal do Brasil.

O ex-presidente do BC ressaltou que investidores buscam garantias na sustentabilidade da dívida a longo prazo. Eles desejam ver um esforço para reduzir o déficit nominal e alcançar o equilíbrio fiscal. Além disso, Campos Neto abordou a relação entre taxas de juros altas e as metas fiscais, apontando o impacto direto sobre a economia.

Ao criticar o tamanho da máquina pública, ele alertou sobre os gastos crescentes que podem gerar instabilidade. Campos Neto defendeu um modelo de gestão pública mais eficiente e uma análise honesta dos desafios que o Brasil enfrenta em seu cenário fiscal. Para ele, um diálogo aberto entre governo e sociedade é essencial para o crescimento econômico.
Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, levantou questionamentos sobre a clareza do arcabouço fiscal para investidores estrangeiros. Durante o Seminário Brasil 2025 do Grupo Esfera Brasil em São Paulo, ele expressou a preocupação de que a complexidade do modelo fiscal possa gerar incertezas no mercado. Sua análise focou na percepção dos investidores em relação à trajetória da dívida pública nos próximos anos.

Campos Neto enfatizou que os investidores estão mais preocupados com a sustentabilidade da dívida a longo prazo. Eles buscam garantias de que o déficit nominal será reduzido, permitindo a geração de um superávit primário e o equilíbrio fiscal. A necessidade de taxas de juros elevadas, entre 7% e 8%, para atingir esses objetivos também foi mencionada.

A avaliação de Campos Neto incluiu críticas ao tamanho da máquina pública federal. Ele argumentou que o governo atual é maior em comparação a outros, sem oferecer serviços de qualidade equivalente. O ex-presidente do BC destacou que o ritmo de gastos do governo é insustentável e consumirá cada vez mais recursos.

Para Campos Neto, é essencial repensar o modelo de gestão pública no Brasil. Ele questionou a crença de que um Estado maior seria eficiente e impulsionaria o crescimento econômico. Segundo ele, essa experiência já foi testada no passado e não obteve sucesso.

O ex-presidente do Banco Central defendeu a necessidade de um debate honesto e corajoso sobre a questão fiscal. Ele ressaltou a importância de um governo disposto a enfrentar o problema, um Congresso aberto ao diálogo e um Judiciário que considere os impactos econômicos de suas decisões. Sem essas medidas, ele acredita que a taxa de juros pode permanecer em patamares elevados.

Campos Neto também alertou para a possibilidade de judicialização de questões econômicas no país. Essa judicialização pode criar ainda mais incertezas e dificultar a implementação de medidas fiscais eficazes. A combinação de um governo inchado, gastos crescentes e judicialização pode levar a um cenário de instabilidade econômica.

A discussão proposta por Campos Neto envolve a necessidade de coragem para enfrentar os desafios fiscais do país. Ele defende um debate amplo e transparente, com a participação de todos os setores da sociedade. A busca por um modelo de gestão pública mais eficiente e sustentável é fundamental para garantir a estabilidade econômica e o crescimento do Brasil.

Além da questão do arcabouço fiscal, Campos Neto abordou a importância da transparência e da credibilidade nas políticas econômicas. Ele ressaltou que os investidores estrangeiros precisam de informações claras e confiáveis para tomar decisões de investimento no país. A falta de clareza e a instabilidade política podem afastar os investidores e prejudicar o crescimento econômico.

Em resumo, as declarações de Roberto Campos Neto no Seminário Brasil 2025 do Grupo Esfera Brasil evidenciam a preocupação com a clareza do arcabouço fiscal e a sustentabilidade da dívida pública. Suas críticas ao tamanho do governo e ao ritmo de gastos alertam para a necessidade de reformas estruturais e um debate honesto sobre o futuro da economia brasileira.

Via InfoMoney

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.