Agronegócio na COP30: Roberto Rodrigues, figura central do agronegócio brasileiro, assume papel de Enviado Especial na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. Sua missão é crucial para integrar o setor agrícola nas discussões globais sobre sustentabilidade e segurança alimentar. Acompanhe os detalhes de sua nomeação e os desafios que ele enfrentará em Belém.
Roberto Rodrigues, renomado por sua trajetória no agronegócio, foi designado Enviado Especial para Agricultura na COP30. Com 82 anos, Rodrigues já presidiu entidades importantes como a Associação Brasileira de Agronegócio (Abag) e a Sociedade Rural Brasileira, além de ter sido Ministro da Agricultura. Sua experiência o torna uma voz influente no debate sobre sustentabilidade no setor.
Um enviado especial tem a função de conectar diferentes setores e regiões, facilitando o fluxo de informações e apresentando as demandas à presidência da COP30. No total, serão dez enviados para áreas estratégicas e vinte para setores-chave, cada um atuando como interlocutor em sua respectiva área. Rodrigues, como Enviado Especial para Agricultura, terá um papel vital na conferência.
Em entrevista exclusiva à Forbes, Rodrigues destacou que sua prioridade é unir as entidades do agronegócio em torno de uma agenda única. Ele pretende reunir especialistas de diversas áreas para criar uma plataforma de consenso, que será apresentada ao governo para ser defendida na COP30. O objetivo é garantir que as propostas considerem a inserção do Brasil no comércio agrícola global, com foco em temas como mudanças climáticas, transição energética e segurança alimentar.
Rodrigues enfatizou a importância de demonstrar como a atividade rural no Brasil é sustentável. Ele ressaltou que o país tem uma matriz energética com 50% de fontes renováveis, sendo metade proveniente da agricultura. O plano é mostrar como as práticas agrícolas brasileiras podem ser replicadas em outros países tropicais, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e promovendo a sustentabilidade na agricultura.
Para Rodrigues, a agricultura brasileira já possui uma base técnica para ser sustentável, mas ainda não atingiu seu potencial máximo. Ele defende a necessidade de financiamento global para que países desenvolvidos ajudem os subdesenvolvidos a atingir suas metas climáticas. A replicação da tecnologia utilizada na agropecuária brasileira em outras regiões, como América Latina, África e Ásia, necessita de subsídios e subvenções do financiamento global.
Rodrigues pretende usar dados concretos para mostrar que o agronegócio é afetado pelas mudanças climáticas. Ele citou o crescimento da área plantada de grãos no Brasil, que dobrou nos últimos 35 anos, enquanto a produção cresceu mais de quatro vezes. Esse aumento foi impulsionado pela tecnologia, permitindo produzir mais sem expandir a área cultivada. Além disso, ele destacou o papel do etanol de cana na redução das emissões de CO2 e o plantio de 10 milhões de hectares de florestas pelo setor.
A pecuária também será tema de discussão na conferência. Rodrigues explicou que uma pastagem bem formada sequestra mais carbono do que o metano emitido pelo gado, resultando em um saldo positivo em relação às emissões da pecuária. Essa é uma das estratégias que ele pretende apresentar na COP30.
A COP30, que será realizada em Belém, representa uma oportunidade para o Brasil mostrar seu compromisso com a sustentabilidade no agronegócio. A participação de Roberto Rodrigues como Enviado Especial é fundamental para garantir que o setor agrícola seja ouvido e que suas propostas sejam consideradas nas discussões globais sobre mudanças climáticas e segurança alimentar.
O convite para ser Enviado da Agricultura na COP30 surpreendeu Rodrigues, que se considera um acadêmico e conselheiro, não mais um líder rural. No entanto, ele se sente orgulhoso de poder contribuir para o agronegócio brasileiro, especialmente ao lado de André Corrêa do Lago, presidente da conferência. Sua missão é harmonizar os interesses da agricultura e da indústria, buscando soluções que beneficiem o Brasil e o mundo.
Via Forbes Brasil