As exportações brasileiras para os Estados Unidos em 2024 tiveram um protagonista: o estado de São Paulo. De um total de US$ 40,3 bilhões, um terço (US$ 13,5 bilhões) veio de terras paulistas, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil). A possível implementação da Tarifa de 50% de Trump pode gerar impacto nas relações comerciais entre Brasil e EUA.
São Paulo lidera as exportações, seguido pelo Rio de Janeiro (17,9%) e Minas Gerais (11,4%). A predominância paulista se deve, em grande parte, à produção de aeronaves pela Embraer, além de equipamentos de engenharia civil e suco de frutas. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já expressou preocupação com a medida, ressaltando a importância do mercado americano para as exportações industriais do estado.
O Rio de Janeiro, segundo maior exportador, concentra suas vendas em óleos brutos de petróleo, produtos semiacabados de ferro e aço, e óleos combustíveis de petróleo. Minas Gerais, por sua vez, poderia ter suas exportações de café não torrado, ferro-gusa e tubos de ferro ou aço afetadas. O Espírito Santo exporta principalmente produtos semiacabados de ferro ou aço, cal, cimentos, material de construção e celulose.
As exportações para os EUA em 2024 saíram principalmente do Porto de Santos (31,8%), seguido pelos portos de Itaguaí e Rio de Janeiro, Porto de Vitória e Aeroporto de Guarulhos. O Sudeste, como um todo, respondeu por mais de 70% das exportações para os Estados Unidos no ano passado, de acordo com a Amcham. No primeiro semestre deste ano, a região exportou US$ 20 bilhões, um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Larissa Wachholz, da Vallya Participações e Cebri, destaca que a qualidade das exportações brasileiras para os EUA é notável, incluindo roupas, calçados, aviões e autopeças. Ela também sugere que as empresas diversifiquem seus mercados para não dependerem excessivamente de um único destino.
As federações das indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e São Paulo (Fiesp) se manifestaram sobre a ameaça da Tarifa de 50% de Trump. A Fiemg alertou para o impacto significativo na indústria mineira, especialmente no setor de siderurgia, que já enfrenta dificuldades devido ao excesso de exportações da China. Para a Fiemg, o caminho é o diálogo e a diplomacia, alertando que uma postura de retaliação poderia ser prejudicial, dada a maior dependência do Brasil em relação ao mercado americano.
A Fiesp, por sua vez, defende a negociação com base em fatos e estatísticas, ressaltando a importância das relações entre empresas brasileiras e americanas. Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, criticou a politização do uso de tarifas e a distorção de fatos, reafirmando que a soberania nacional é inegociável. Ele também lembrou que os EUA têm superávit com o Brasil não só na balança comercial, mas também na balança de serviços.
A potencial Tarifa de 50% de Trump sobre produtos brasileiros pode gerar reflexos consideráveis na economia nacional, especialmente para os estados do Sudeste, que lideram as exportações para os Estados Unidos. O diálogo e a busca por acordos diplomáticos são apontados como caminhos para mitigar os impactos dessa medida.
Via InfoMoney