Em 2021, a Faria Lima experimentou um período fértil para **IPO da São Salvador Alimentos**, com taxas de juros atrativas e um fluxo constante de aberturas de capital na B3. Foi nesse cenário que investidores e analistas conheceram Zé Garrote, o visionário por trás da São Salvador Alimentos (SSA), detentora das marcas Super Frango e Boua.
A SSA, sob a liderança de Zé Garrote, viu seu faturamento alcançar R$ 2 bilhões, exibindo margens EBITDA acima de 20%, superando seus concorrentes. O empresário, com uma trajetória de sucesso e números expressivos, vislumbrava um IPO da São Salvador Alimentos de R$ 1 bilhão.
No entanto, as mudanças no cenário macroeconômico inviabilizaram a abertura de capital, adiando o sonho para o futuro. Em 2025, Zé Garrote, agora na Adial, relembra os desafios e conquistas da SSA.
O empresário goiano, aos 67 anos, personifica a transformação de ambição em prosperidade, tendo investido todo seu patrimônio na construção da empresa. Em 1981, vendeu suas farmácias para investir em uma granja com o sogro.
Na década seguinte, ousou ao abrir um abatedouro, lançando a marca Super Frango. Em 1997, construiu uma fábrica de ração, consolidando o crescimento do frigorífico, que acumula 34 anos de expansão contínua.
No ano anterior, a SSA alcançou um faturamento de quase R$ 4 bilhões, com um lucro líquido de R$ 436 milhões, representando um aumento de quase 150% em relação ao ano anterior. Apesar do IPO da São Salvador Alimentos frustrado em 2021, Zé Garrote mantém o desejo de abrir o capital da empresa.
Atualmente como *chairman*, Zé Garrote não está ativamente envolvido na gestão diária da empresa, função que passou para seu filho, Hugo Perillo, CEO desde 2020. Após 40 anos à frente dos negócios, Zé reconhece a dificuldade de se afastar, mas confia na capacidade de Hugo para liderar a SSA.
Hugo Perillo, com 41 anos, preparou-se para liderar a SSA, passando por um processo de sucessão que incluiu um MBA na Califórnia. Para o CEO, a evolução da empresa nos últimos 15 anos impulsionou o crescimento e a aproximação com o mercado financeiro.
Desde 2020, a SSA emitiu R$ 450 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Apesar de Zé Garrote vislumbrar uma nova emissão em 2025 ou 2026, Hugo considera que o caixa da empresa é suficiente para o momento.
Apesar da governança alinhada aos padrões do mercado de capitais, a atuação concentrada em Goiás é vista como uma fragilidade. As duas unidades da empresa, em Itaberaí e Nova Veneza, abatem 540 mil aves por dia.
A concentração geográfica das operações representa um risco em tempos de gripe aviária, que pode impactar negativamente a produção. Desde sua fundação, a SSA priorizou o crescimento orgânico, expandindo o abate de aves e a produção de alimentos industrializados.
Com 8.400 colaboradores, a empresa está investindo R$ 100 milhões na unidade de Nova Veneza, inaugurada em 2020, para ampliar o abate e a desossa de frangos, além de planejar uma nova expansão industrial no local. Diferente de seus concorrentes, a SSA foca na expansão da produção de frango e industrializados, que representam 17% do faturamento.
Com baixo endividamento, Zé Garrote demonstra confiança no crescimento da empresa, mas não descarta aquisições. Atualmente, dedica-se à pecuária e criação de aves, fornecendo gado para a JBS e aves para a SSA, sentindo na pele os desafios de seus fornecedores.
O IPO da São Salvador Alimentos permanece como um objetivo estratégico, aguardando um cenário de mercado mais favorável para concretizar a abertura de capital e impulsionar ainda mais o crescimento da empresa no setor alimentício brasileiro.
Via Brazil Journal
