Empresas lideradas por mulheres em Minas Gerais agora têm a possibilidade de garantir até 100% de financiamento através do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), uma iniciativa promovida pelo Sebrae. Este anuncio foi realizado durante a Caravana Sebrae DELAS, no evento “Momento Gerencial — Mulheres e Oportunidades Financeiras”, que ocorreu em 22 de maio, em Belo Horizonte. A ação já passou por Campo Grande (MS) e São Luís (MA) e tem como objetivo alcançar todas as capitais e regiões estratégicas do país.
A principal mudança em Minas Gerais é a cobertura total do Fampe para as garantias solicitadas pelas instituições financeiras, sendo essa oferta exclusiva para empresas que tenham liderança feminina. O Fundo, criado pelo Sebrae, permite que negócios sem garantias suficientes, como imóveis ou veículos, possam acessar crédito. A cobertura padrão oferecida antes era de 80%, mas desde 31 de março, as mulheres que são sócias majoritárias ou administradoras têm direito à garantia integral, válida até 31 de março de 2027. O veículos para operar essa mudança inclui instituições como Sicoob, Sicredi, Banco do Nordeste, BDMG, Cresol e Banco Original.
Marina Ulhôa, proprietária do salão de beleza Fusilli em Belo Horizonte, exemplifica as mulheres que estão sendo beneficiadas com essa iniciativa. Ao iniciar seu negócio com recursos próprios, ela enfrentou dificuldades ao tentar expandir sua empresa devido à resistência das instituições financeiras. Em suas palavras, “Aprendi a não ter medo do empréstimo. Passei a enxergar o dinheiro não como uma dívida, mas como um potencial de expansão.” Com a cobertura integral do Fampe, ela se sente confiante em buscar novos financiamentos.
A analista do Sebrae em Minas, Ayslane Costa, ressalta que o acesso ao crédito ainda é uma barreira significativa para muitas mulheres. Com a garantia total do Fampe, as empresárias têm a chance de conseguir crédito com menos exigências de garantias reais. A desigualdade de gênero permanece, com dados do Banco Central apontando que mulheres pagam, em média, 4% a mais em juros ao ano em relação aos homens. Muitas mulheres empreendem por necessidade e, em busca de crédito, enfrentam questionamentos que os homens não precisam lidar, o que aumenta a dependência de alternativas mais caras, como cartões de crédito.
Além do acesso a crédito, o Sebrae oferece capacitações que abordam planejamento e gestão financeira, mais um passo para um protocolo de atendimento mais acolhedor às mulheres que empreendem. Durante o evento, várias instituições financeiras estavam presentes para proporcionar atendimento personalizado.
Afonso Rocha, diretor superintendente do Sebrae Minas, comenta que 40% dos empreendedores são mulheres, enfatizando a relevância das cooperativas de crédito na democratização do acesso ao crédito. Um exemplo claro é o das irmãs Marisa e Jéssica Souza, proprietárias da padaria Delícias do Trigo em São Bento Abade, que conseguiram R$ 20 mil para expandir o negócio, levando em consideração as taxas de juros e o apoio do Sebrae.
O evento também contou com a presença da atriz Giovana Antonelli, que incentivou as empresárias a persistirem em suas jornadas de crédito. “A insistência foi fundamental para minha carreira.” Essa mensagem ressalta a importância de uma rede de apoio e a resiliência no ambiente de negócios.
Via Exame