O Brasil acaba de dar um passo importante na descarbonização industrial com a seleção de sete novos projetos estratégicos. O anúncio foi feito pelo Acelerador de Transição Industrial (ITA), iniciativa global que surgiu na COP28 e recebe financiamento da Bloomberg Philanthropies e dos Emirados Árabes Unidos. Os setores beneficiados incluem químico, aviação, cimento e alumínio, todos conhecidos por altas emissões de carbono.
Com investimentos que ultrapassam R$ 42 bilhões, o país eleva para 11 o número de iniciativas apoiadas, somando um potencial de US$ 17,5 bilhões em recursos para a transição verde. O ITA oferecerá suporte técnico e estratégico para conectar empresas, identificar desafios e viabilizar financiamento para tecnologias sustentáveis.
Entre os projetos mais relevantes está o Solatio H2 Piauí, que pretende construir um complexo de 14 GW em energias renováveis para produzir hidrogênio e amônia verde. A meta é chegar a 2,2 milhões de toneladas anuais até 2030, posicionando o Nordeste como fornecedor global de combustíveis limpos.
No setor de aviação, a Acelen Renováveis apresentou um projeto baseado no óleo de macaúba, planta nativa brasileira. A iniciativa inclui um centro de pesquisa, plantação de 180 mil hectares e uma biorrefinaria capaz de produzir 1 bilhão de litros anuais de combustível renovável para aviação (SAF) e diesel verde.
Na indústria do cimento, responsável por 8% das emissões globais de CO₂, três projetos foram selecionados. A Votorantim Cimentos, por exemplo, planeja reduzir em 16% as emissões em sua fábrica no Mato Grosso. Já a Mizu Cimentos pretende cortar até 32% usando biomassa residual no lugar de combustíveis fósseis.
No alumínio, a Alcoa e a CBA desenvolvem tecnologias para reduzir ainda mais as emissões em suas operações. O Brasil já tem uma das menores pegadas de carbono do mundo nesse setor, mas as empresas buscam melhorar ainda mais seus números com eletrificação e captura de CO₂.
Rodrigo Rollemberg, secretário do MDIC, destacou que esses projetos mostram o avanço da “neoindustrialização verde” no país. A parceria com o ITA, iniciada em julho de 2024, foi a primeira do tipo no mundo e já inspira acordos similares em outras regiões.
Via Exame