Mais de 1 milhão de estudantes com deficiência estão matriculados na educação básica no Brasil, segundo dados do Censo Escolar. Apesar disso, muitos ainda enfrentam dificuldades para ter acesso a um aprendizado efetivo. O principal motivo são as barreiras estruturais, como falta de capacitação docente e materiais adaptados. Diante desse cenário, iniciativas como o programa Educação inclusiva no Brasil do Sistema Positivo de Ensino buscam mudar essa realidade.
O projeto, chamado Pertencer – Jornada de Inclusão, já investiu R$ 3 milhões este ano em ações para mais de 1,6 mil escolas. A proposta inclui capacitação de professores, uso de tecnologia assistiva e inteligência artificial para personalizar o ensino. O programa é dividido em cinco etapas: reconhecer, acolher, desenvolver, avaliar e acompanhar.
Milena Fiuza, diretora pedagógica do Sistema Positivo, explica que o foco está em usar a tecnologia para apoiar as relações humanas. “As melhores adaptações nem sempre exigem infraestrutura sofisticada. Muitas vezes, estão na forma como o professor conduz a aula”, afirma. Mais de 50 mil horas de formação já foram realizadas, desde a educação infantil até o ensino médio.
Entre as ferramentas disponíveis estão leitor de tela, intérprete de Libras, legendas automáticas e materiais em Braille. Em Guarulhos (SP), a coordenadora Cherliana de Aquino relata que o assistente digital ajuda a adaptar avaliações conforme as necessidades dos alunos. Em Curitiba, a plataforma Positivo On tem sido usada como apoio para estudantes com dificuldades de aprendizagem.
O Ministério da Educação também planeja investir R$ 3 bilhões até 2026 em ações de inclusão. O objetivo é levar formação docente, tecnologia assistiva e materiais acessíveis para mais de 38 mil escolas públicas. No entanto, desafios como infraestrutura precária e falta de profissionais especializados ainda persistem.
Luisa Muniz Felix de Souza, diretora-geral do Sistema Positivo, reforça que a mudança começa na sala de aula. “Cada estudante é único, assim como cada professor. Os recursos devem priorizar as condutas humanas no processo de ensino”, destaca. A meta é construir uma educação que, de fato, seja para todos.
Via Exame