Tartarugas marinhas comuns se orientam por campos magnéticos e dançam ao chegar ao destino

Tartarugas marinhas comuns: como se orientam por campos magnéticos e "dançam" ao encontrar o destino. Entenda esse fascinante comportamento!
16/02/2025 às 10:31 | Atualizado há 8 meses
               
Tartarugas marinhas comuns
Tartarugas marinhas comuns

As tartarugas marinhas comuns, conhecidas cientificamente como _Caretta caretta_, possuem uma habilidade fascinante: a memorização de campos magnéticos específicos. Essa capacidade permite que retornem a áreas de grande importância ecológica para sua espécie, guiadas por um mapa mental magnético. Essa característica notável auxilia na orientação durante suas longas jornadas pelos oceanos.

Um estudo recente revelou que as tartarugas memorizam campos magnéticos associados a locais de alimentação. Ao simular campos magnéticos da Terra, os pesquisadores observaram um comportamento interessante: as tartarugas exibiam movimentos semelhantes a uma dança quando expostas a sinais magnéticos de áreas onde se alimentaram anteriormente.

As tartarugas são famosas por suas longas viagens. As _Caretta caretta_, por exemplo, podem nadar até 13 mil km entre áreas de alimentação e reprodução. Não é segredo que elas usam campos magnéticos para se orientar, assim como outros animais usam as linhas magnéticas da Terra.

A novidade do estudo, publicado na revista _Nature_, é que as tartarugas memorizam áreas com assinaturas magnéticas únicas, principalmente aquelas ligadas a fontes de alimento. Isso cria um mapa que as ajuda a voltar após a migração. Os pesquisadores notaram um comportamento curioso: as tartaruguinhas parecem dançar quando sentem que estão perto de campos magnéticos de áreas onde já comeram, mostrando que associam esses sinais aos locais de alimentação.

Para realizar o estudo, os cientistas coletaram tartarugas recém-nascidas em praias da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Os animais foram colocados em baldes com água e rodeados por uma bobina que imitava o campo magnético do Oceano Atlântico. Por dois meses, os pesquisadores alternaram entre simulações de campos magnéticos do Golfo do México e de New Hampshire, outro estado americano.

As tartaruguinhas só recebiam comida quando a simulação correspondia ao campo magnético do Golfo do México. Nesse momento, todos os animais apresentavam uma espécie de dança, batendo as nadadeiras, abrindo a boca e girando na água. Esse comportamento não acontecia quando a simulação era alterada para os dados de New Hampshire.

O mesmo experimento foi repetido com simulações de outros campos magnéticos ao redor do mundo, e 80% das tartarugas dançaram. Isso mostrou que o comportamento não é exclusivo das áreas americanas. Quatro meses depois, as tartarugas foram testadas novamente e ainda dançavam quando sentiam o campo magnético associado à recompensa. Os pesquisadores notaram que esse comportamento só ocorre em cativeiro.

Os autores do estudo também descobriram que as tartarugas marinhas comuns possuem dois sistemas magnéticos diferentes: um mapa magnético para encontrar locais e uma bússola magnética para saber a direção. Para essa descoberta, eles usaram ondas de rádio e analisaram se as tartarugas conseguiam seguir os caminhos memorizados sob interferência.

Quando expostas às ondas eletromagnéticas, as tartarugas começaram a nadar sem direção. No entanto, sua habilidade de reconhecer locais de alimentação se manteve intacta. Isso significa que o mapa permanece ativo, mas a bússola interna dos animais é afetada. As ondas de radiofrequência usadas são semelhantes à radiação emitida por celulares e transmissores de rádio. Os pesquisadores alertam que a atividade marítima e o uso de aparelhos perto de praias de reprodução podem atrapalhar a migração das tartarugas e a conservação da espécie.

Outro ponto interessante do estudo foi como as tartarugas marinhas comuns interpretam os sinais magnéticos, focando em duas características principais dos campos da Terra: a inclinação (o ângulo das linhas do campo) e a intensidade (a força do campo). Para isso, os pesquisadores criaram campos magnéticos misturados, combinando a inclinação de um local com a intensidade de outro.

Os resultados mostraram que as tartarugas marinhas comuns só reconhecem uma área quando ambos os fatores coincidem. Isso demonstra que elas dependem da combinação dos elementos para se orientar em suas jornadas pelos oceanos. Esse conhecimento é crucial para entender e proteger as rotas migratórias das tartarugas, especialmente em um mundo com crescentes interferências humanas.

Via Super

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.