Em Pernambuco, pesquisadoras da UFPE criaram uma solução para o problema do lodo tóxico da indústria têxtil. A startup Germini transforma esse resíduo em Lodo têxtil para biofortificante, um revestimento para sementes que acelera a germinação. Este projeto busca conciliar produção têxtil e sustentabilidade.
O agreste pernambucano, com destaque para Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, concentra um importante polo têxtil. Entretanto, a lavagem do jeans gera um lodo tóxico, prejudicial ao meio ambiente. Jéssica Vasconselos, CEO da Germini, alerta para os impactos negativos, principalmente devido ao descarte inadequado por algumas lavanderias. Das mais de 800 lavanderias da região, menos da metade realiza o tratamento de efluentes corretamente.
A Germini coleta o lodo, composto por fibras sintéticas e naturais (algodão e poliéster). Após secagem e purificação, o material passa por síntese térmica em altas temperaturas. Esse processo gera nanopartículas de carbono, que se transformam em um gel. Este gel, o Lodo têxtil para biofortificante, envolve as sementes, como as de feijão, otimizando seu desenvolvimento.
Testes com o Lodo têxtil para biofortificante mostraram resultados promissores. A germinação das sementes tratadas foi até dois dias mais rápida, e as plantas apresentaram maior vigor. Jéssica Vasconcelos destaca que o crescimento acelerado resulta em plantas mais fortes, com maior potencial produtivo.
Atualmente, a Germini processa até 10 kg de lodo têxtil por vez em escala experimental. A startup firmou parceria com a lavanderia Nossa Senhora do Carmo, em Caruaru. A equipe busca investimentos para expandir a produção e atender a demanda do mercado. O objetivo é escalar a tecnologia e oferecer uma solução efetiva para o problema do lodo têxtil.
A tecnologia da Germini tem potencial para ser aplicada em outros setores além do têxtil. Resíduos orgânicos da indústria alimentícia e de usinas de cana-de-açúcar poderiam ser tratados com o mesmo método. A ideia surgiu em 2022, durante a disciplina “Projeto de Inovação” da UFPE. Com mentoria dos professores Severino Alves e João Bosco Paraíso da Silva, as alunas desenvolveram o projeto, agora incubado no Parque TeC da universidade. As pesquisadoras finalizam testes de campo na UFPE e, em breve, iniciarão experimentos com agricultores. A Germini busca contribuir para um futuro mais sustentável na agricultura e na indústria têxtil.
Via Exame