Tinta de sépia pode ser a solução natural para afastar tubarões de banhistas

Tinta de sépia: solução natural afasta tubarões! Entenda como essa defesa do choco protege banhistas e os próprios tubarões. Saiba mais!
22/02/2025 às 12:33 | Atualizado há 4 meses
Tinta de sépia
Tinta de sépia

Banhistas e tubarões podem se beneficiar de uma solução natural e inovadora: a **tinta de sépia**. Pesquisadores da University College Dublin investigaram o potencial dessa substância como um “repelente químico”, que pode trazer segurança para os humanos e garantir a proteção dos próprios tubarões. Entenda como esse mecanismo natural pode revolucionar a forma como lidamos com a presença de tubarões em áreas de lazer.

O *Sepia officinalis*, popularmente conhecido como choco, sépia ou sibas, é um molusco marinho cefalópode que possui uma defesa peculiar. Assim como os polvos, ele libera uma tinta escura para confundir predadores. Essa habilidade, combinada com a capacidade de mudar de cor para se camuflar, se comunicar e até sonhar, despertou o interesse de cientistas em busca de soluções naturais para diversos problemas.

Agora, a pesquisa da University College Dublin revela que a **tinta de sépia** pode causar desconforto nos tubarões, afetando seu olfato sensível. Essa descoberta abre a possibilidade de utilizar a substância como uma barreira protetora em áreas de natação, reduzindo o risco de encontros indesejados entre humanos e tubarões.

A hipótese dos pesquisadores, publicada na revista científica *G3: Genes, Genomes, Genetics*, é que a melanina, principal componente da **tinta de sépia**, possui uma estrutura molecular que se liga aos receptores olfativos dos tubarões. Essa ligação interrompe a percepção sensorial dos animais, fazendo com que eles evitem áreas onde a substância está presente.

Para comprovar essa teoria, os cientistas recriaram em laboratório o sistema olfativo do tubarão-gato-nebuloso (*Scyliorhinus torazame*) e do tubarão-branco (*Carcharodon carcharias*). Ao testarem os modelos com a **tinta de sépia**, constataram que a melanina realmente interfere na capacidade dos tubarões de detectar odores.

Como a maioria dos tubarões possui sistemas respiratórios semelhantes, os resultados do estudo podem ser aplicados a diversas espécies. Essa descoberta é importante, pois os tubarões são predadores de topo com sentidos altamente refinados, incluindo eletromagnetismo, visão, tato, paladar, audição e olfato. O olfato, em especial, é um superpoder que permite aos tubarões sentirem odores a grandes distâncias, mas também pode ser sua vulnerabilidade.

O Museu de História Natural da Flórida, responsável pelo Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão (ISAF), registrou 47 mordidas não provocadas e 24 provocadas em humanos em 2024. As mordidas não provocadas ocorrem quando um tubarão ataca um humano em seu habitat natural, sem que a pessoa tenha feito nada para irritar o animal.

Segundo os pesquisadores, a utilização da **tinta de sépia** poderia reduzir esses números de forma natural e não invasiva. Os métodos atuais para manter os tubarões afastados das praias, como redes de emalhar e pesca de tambor, podem capturar outros animais marinhos, como arraias, tartarugas e golfinhos.

A **tinta de sépia**, por outro lado, garante a segurança dos banhistas e a proteção dos tubarões. Essa substância pode ser utilizada para afastar os animais de áreas perigosas, como águas poluídas e regiões com intensa atividade pesqueira, contribuindo para a sua sobrevivência.

De acordo com Colleen Lawless, bióloga e autora do estudo, “Compreender como espécies de presas, como a sépia, evoluíram para explorar vulnerabilidades específicas em predadores enriquece não só a nossa compreensão dos ecossistemas marinhos, mas também fornece inspiração para ferramentas de conservação enraizadas em processos naturais”.

Essa pesquisa abre caminho para novas abordagens na conservação marinha e na coexistência entre humanos e tubarões. A **tinta de sépia** surge como uma alternativa promissora para garantir a segurança nas praias e a preservação desses animais marinhos.

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.