Transformação da hotelaria no Brasil: o caso dos hotéis esquecidos

Descubra como os hotéis esquecidos estão se reinventando no Brasil.
03/09/2025 às 08:20 | Atualizado há 2 dias
Hotelaria no Brasil
Juros altos e demanda crescente atraem capital para um setor em transformação. (Imagem/Reprodução: Investnews)

Em Ipanema, no Rio de Janeiro, um antigo prédio do Ipanema Plaza Hotel foi adquirido pela Tryst Hospitality, com inauguração prevista para 2026. O novo hotel será voltado para o público LGBTQIA+ e incluirá um espaço gourmet e um rooftop com vista para a praia. Esse movimento exemplifica a evolução do setor de hotelaria no Brasil, que agora aposta em novos modelos de negócios.

Após a devastação da pandemia, onde 80% dos hotéis fecharam temporariamente, o setor começou a se recuperar. Atualmente, as taxas de ocupação estão subindo, com hotéis urbanos registrando média de 60,8% em 2023. O turismo de negócios continua sendo crucial, mostrando uma recuperação do setor e novas oportunidades para investidores.

Com a Selic a 15%, investidores estão focando na modernização de hotéis já existentes. Com a falta de novos empreendimentos até 2029, a demanda deverá continuar superando a oferta, levando a um aumento nas tarifas. Iniciativas de grupos como o BTG Pactual e CVPar demonstram o otimismo e a expectativa de um retorno significativo no setor hoteleiro brasileiro.
Em Ipanema, Rio de Janeiro, um prédio antes ocupado pelo Ipanema Plaza Hotel, que estava fechado desde 2017, foi adquirido pela rede americana Tryst Hospitality em agosto de 2025. A marca planeja transformar o local em um hotel voltado para o público LGBTQIA+, com previsão de abertura em 2026, incluindo rooftop com vista para a praia, spa e gastronomia. Este evento reflete a transformação do setor de hotelaria no Brasil, marcado por novos modelos de negócio e desafios.

O setor hoteleiro foi um dos mais impactados pela pandemia. Em 2020, aproximadamente 80% dos hotéis fecharam temporariamente, com os restantes operando com taxas de ocupação entre 5% e 8%. Manoel Linhares, da ABIH, descreveu a pandemia como “devastadora para o turismo”. Apesar disso, o setor mostrou resiliência, com hotéis urbanos registrando uma taxa média de ocupação de 60,8% em 2023, superando os níveis pré-Covid.

Nos resorts, a taxa de ocupação atingiu 60,7%, a maior desde 2010, com um aumento de mais de 10% em relação a 2022. O turismo de negócios continua sendo um motor de receita importante, gerando de três a quatro vezes mais receita do que o turismo de lazer. Em São Paulo, a ocupação em 2024 atingiu 63%, com uma diária média de R$ 560, consolidando a cidade como destino de investidores.

A sustentabilidade financeira, seja em resorts ou hotéis urbanos, depende de manter uma ocupação mínima entre 50% e 60% e realizar retrofits a cada quatro ou cinco anos. Waleria Fenato, especialista em gestão de receitas, destaca a importância da manutenção constante e da precificação dinâmica, incluindo alimentos, bebidas e spa. A hospedagem continua sendo a principal fonte de receita, seguida por eventos e locação de espaços, e, em terceiro lugar, alimentos e bebidas.

Os hotéis enfrentam desafios com os canais de distribuição, como agências de turismo digitais (OTAs) que cobram comissões entre 15% e 30%, e a concorrência com o Airbnb. Manoel Linhares aponta a desigualdade tributária como um desafio, com hotéis pagando IPTU comercial mais alto do que o residencial.

Cerca de 80% dos meios de hospedagem no Brasil são independentes, enfrentando problemas como ausência de planejamento financeiro, conflitos entre sócios e resistência à modernização. A sucessão é um desafio, com a segunda geração preferindo realizar o ativo em vez de continuar a operação hoteleira. Esse movimento tem alimentado um mercado de compra e venda, onde fundos e gestoras especializadas assumem ativos desvalorizados.

Enquanto marcas internacionais oferecem sistemas globais de distribuição, muitos independentes ainda operam sem ferramentas digitais. Waleria Fenato estima que menos de 3% dos hotéis utilizam sistemas de gestão de receitas (RMS) no Brasil. Atualmente, predominam três modelos: hotéis próprios administrados por redes, franquias de marcas hoteleiras e multipropriedades.

Com a Selic a 15%, novos empreendimentos são freados, incentivando investidores a comprar e modernizar hotéis existentes. Sem novos hotéis previstos até 2029, a procura deve continuar maior que a oferta, abrindo espaço para tarifas mais altas e margens melhores. O BTG Pactual está captando um novo fundo para comprar hotéis prontos, e a CVPar adquiriu o Hilton Garden Inn, planejando um veículo específico para esse mercado.

Irapuã Dantas, da CVPar, acredita que a hotelaria no Brasil é um bom negócio, oferecendo um prêmio acima de outros produtos de renda urbana, com ótimos investimentos a serem feitos.

Via InvestNews

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.