TV Globo completa 60 anos com foco em conteúdo humano, afirma diretor

Diretor da TV Globo destaca missão de priorizar conteúdo humano em meio aos 60 anos da emissora. Saiba mais sobre a estratégia.
28/04/2025 às 09:49 | Atualizado há 5 meses
TV Globo 60 anos
Amauri Soares discute futuro digital, TV 3.0 e diversidade nos 60 anos da emissora. (Imagem/Reprodução: Exame)

A TV Globo 60 anos celebra em meio a mudanças no cenário da comunicação. A emissora, que completa seis décadas, enfrenta a concorrência do streaming e a disputa pela atenção do público com as redes sociais. Mesmo assim, mantém uma posição de destaque no mercado brasileiro, alcançando milhões de pessoas diariamente. Amauri Soares, diretor-executivo, discute os desafios e o futuro da emissora.

A TV Globo, ao comemorar 60 anos, busca se modernizar sem perder sua essência. Com a chegada da TV 3.0, a emissora pretende personalizar a experiência do telespectador. A ideia é unir a capacidade de falar com todos, característica da TV aberta, com a personalização típica das redes sociais. Soares define essa estratégia como “anti-algoritmo”. A Globo quer continuar sendo um espaço de encontro coletivo, abordando temas relevantes para toda a sociedade.

Um dos maiores desafios da TV Globo é representar a diversidade do Brasil. Para isso, a emissora investe na diversidade em suas equipes de criação e conta com uma rede de 120 afiliadas regionais. Essa rede permite capturar diferentes culturas e perspectivas, refletindo a complexidade do país em seus conteúdos. A Globo se considera um termômetro do Brasil, buscando representar a sociedade na tela e, com isso, contribuir para sua transformação.

A diversidade na tela também é uma prioridade. As protagonistas das três novelas atuais são mulheres negras, marcando uma mudança recente na emissora. Soares afirma que a diversidade é um processo contínuo. A representatividade não se limita ao elenco, estendendo-se também aos profissionais por trás das câmeras. A Globo busca normalizar novas realidades, mostrando diferentes histórias e personagens, incentivando o respeito e a tolerância.

A TV 3.0 é uma aposta da emissora para o futuro. Essa tecnologia permitirá a personalização de conteúdos, como escolher o áudio da torcida em um jogo de futebol ou comprar produtos durante um programa. Para a publicidade, a TV 3.0 possibilita anúncios direcionados. Segundo Soares, o mercado publicitário já está familiarizado com esse modelo devido às redes sociais. A Globo já realiza publicidade dirigida no Globoplay e planeja estender essa prática para a TV aberta.

A emissora também enfrenta o desafio de medir a audiência em um cenário multiplataforma. Com o consumo de conteúdo em redes sociais e plataformas de streaming, a medição tradicional, baseada no sinal de antena, se torna insuficiente. A Globo realiza testes para medir a audiência cross platform, buscando dados confiáveis que reflitam o alcance real de seus conteúdos.

A relação com influencers também é um tema relevante. A Globo reconhece a importância desses novos atores no mercado de mídia. No entanto, Soares destaca que influencers não substituem atores profissionais, especialmente na dramaturgia. A emissora valoriza a formação e a técnica dos artistas, considerando-as essenciais para a qualidade de suas produções.

A escolha da próxima novela da Globo envolve diversos fatores. O perfil do horário de exibição, as histórias recentes, a inovação, o potencial de engajamento e a representação da sociedade são alguns dos critérios considerados. Duas sinopses costumam disputar a vaga, e a mais adequada para o momento é selecionada.

Sobre a novela “Vale Tudo”, Soares avalia positivamente as primeiras semanas, com crescimento de audiência em todas as praças. O diretor destaca a atualização da história, mantendo as intenções originais dos autores, e a realização visual contemporânea. A Globo também busca entender as particularidades do mercado de São Paulo, que, segundo ele, sempre teve interesses específicos.

A Globo adotou o modelo de contratação de artistas por obra. Essa mudança trouxe vantagens em termos de custos e flexibilidade para os artistas. Anteriormente, os contratos de longo prazo com exclusividade geravam custos elevados para a emissora. Hoje, a Globo utiliza diferentes modelos de contratação, adequando-se às necessidades de cada projeto e profissional.

Quanto ao futuro da TV aberta, Soares acredita em sua capacidade de adaptação. A TV 3.0 representa uma nova etapa, com a possibilidade de personalização aliada ao alcance da TV aberta. O futuro da Globo está na combinação de inovação tecnológica com a preservação de sua vocação de comunicar com a sociedade, contando histórias brasileiras e promovendo a diversidade.

Via Exame

Artigos colaborativos escritos por redatores e editores do portal Vitória Agora.