Após a decisão do Copom de elevar a Taxa Selic a 15%, o mercado recebeu um sinal claro: os juros permanecerão altos por um período prolongado. A análise do UBS BB ressalta que a comunicação do Banco Central, ao enfatizar “muito” no período, visa refrear expectativas de cortes nas taxas em um futuro próximo.
A decisão do Copom pegou parte do mercado de surpresa, que se mostrava dividido entre a manutenção da taxa e um aumento de 0,25 ponto percentual. A inclusão do termo “muito” na comunicação foi interpretada como uma resposta às projeções do boletim Focus, que até pouco tempo atrás indicavam reduções na Taxa Selic a 15% a partir de janeiro.
O UBS argumenta que essa precificação não está alinhada com a convergência da inflação, o que reforça a postura mais rigorosa adotada pela autoridade monetária.
Apesar de o Copom ter sinalizado o fim do ciclo de alta, o UBS considera que a postura permanece hawkish e vigilante, indicando que o Banco Central mantém aberta a possibilidade de retomar as altas caso seja necessário.
A projeção do banco é que a Taxa Selic a 15% se mantenha por mais 11 meses, estendendo-se até abril de 2026. Em um cenário alternativo, cortes poderiam ter início em março, mas dificilmente antes desse período.
Mesmo com grande parte do movimento já precificado, o UBS mantém otimismo em relação ao real. A avaliação é que a decisão do Copom deve sustentar a moeda brasileira, exercendo pressão sobre o dólar. O banco considera o real sua principal posição comprada na América Latina, destacando um valuation atrativo, com valor justo estimado em R$ 5,20, e o diferencial de juros como fatores fundamentais.
No mercado de juros, o UBS prevê que os cortes comecem a partir do segundo trimestre do próximo ano, com reduções de 0,50 ponto percentual por reunião. A postura mais firme do Banco Central pode pressionar os vértices curtos da curva, como o trecho entre janeiro de 2026 e janeiro de 2027, onde atualmente estão precificados cerca de 1 ponto percentual em cortes no primeiro semestre.
O UBS ressalta que, apesar do cenário atual justificar juros elevados, uma desaceleração no crescimento no terceiro trimestre — projetada em 0% na comparação trimestral — pode levar o mercado a questionar a postura do Banco Central, caso não ocorram choques adicionais no câmbio, petróleo ou inflação.
Via Money Times