O Conselho Universitário da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) revogou os títulos de Doutor Honoris Causa concedidos a três figuras ligadas à Ufes cassa títulos ditadura (1964-1985). A decisão, unânime, responde a uma recomendação do Ministério Público Federal e busca corrigir uma homenagem considerada inadequada.
A cassação atinge os ex-presidentes Emílio Garrastazu Médici e Humberto de Alencar Castelo Branco, além do ex-ministro da Educação e Cultura, general Rubem Carlos Ludwig. Médici, o terceiro presidente durante o regime militar, recebeu a honraria em 1976. Ludwig foi homenageado em 1983. A homenagem a Castelo Branco, sem registros documentais, é comprovada apenas por fotografias.
A cerimônia oficial de cassação está agendada para 1º de abril, data que marca o início do regime militar em 1964. A coincidência reforça o simbolismo do ato, que visa repudiar as violações de direitos humanos ocorridas durante o período.
Um relatório da Comissão da Verdade da Ufes (CVUfes) aponta que cerca de 90 pessoas, entre alunos, funcionários e professores, foram vítimas de violações de direitos humanos durante a ditadura. A recomendação do MPF para a cassação dos títulos baseia-se nesse relatório e busca evitar a perpetuação da violência.
A procuradora da República Elisandra de Oliveira Olímpio, à época na Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no ES, argumentou que a manutenção dessas homenagens “perpetua a violência” e “retrata o algoz como herói”. O MPF reforça seu compromisso em investigar e esclarecer os atos cometidos durante o regime militar, garantindo o direito à memória e à verdade. A Ufes, ao acatar a recomendação, demonstra seu comprometimento com a justiça e a reparação histórica. A cassação dos títulos representa um passo importante no reconhecimento das vítimas e na construção de uma memória coletiva que valorize os direitos humanos.
Via ES360
